São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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Afinidades tempestuosas
Literatura e ciência são separadas por uma ponte intransponível? Essa é a pergunta que se faz Peter D. Smith na edição deste trimestre da britânica "Prometheus". Ele faz um retrospecto dessa relação tensa, recuando até o clássico de Goethe, "As Afinidades Eletivas", de 1809. Smith discute também as teses do biólogo Richard Dawkins, para quem "os poetas poderiam usar melhor a inspiração que a ciência lhes deu".

A nação sem Estado
Na mesma edição da "Prometheus" o sociólogo alemão Ulrich Beck discorre sobre "a sociedade pós-nacional e seus inimigos". Beck, autor de "O Que É Globalização" (Paz e Terra), examina o papel da política, do Estado-nação e o crescimento da chamada Nova Direita.

Fernando Pessoa, um pós-moderno
Na "New Statesman" desta semana o economista John Gray eleva aos céus "O Livro do Desassossego" (lançada aqui pela Cia. das Letras), de Bernardo Soares, semi-heterônimo de Fernando Pessoa. Entusiasmadíssimo, Gray qualifica a obra, que está ganhando tradução inglesa, de "o ataque supremo ao conceito de autoria na moderna literatura européia". Comparando-o a Robert Musil, diz que Pessoa "diagnosticou uma condição que estava para se espalhar por toda a Europa no século 20 -uma autoconsciência altamente desenvolvida combinada com a ausência de toda visão estável do mundo". "Antes que o pós-modernismo se tornasse uma indústria acadêmica, Pessoa já vivia o desconstrucionismo", conclui Gray.

O boicote aos bebês
O colapso das políticas públicas de natalidade é o tema das edições deste mês de duas importantes revistas. Na inglesa "Prospect" os sociólogos Laurie and Matthew Taylor afirmam que a relutância da mulher em ter filhos hoje se explica, no plano ético, pelo individualismo extremo e, no plano político, pelo declínio de programas de incentivo, como licença-maternidade mais longa. Nada metafísica, Stephanie Mencimer, editora da "The Washington Monthly", ataca as medidas conservadoras implementadas desde os anos 80 nos EUA. Em vez de deixarem o emprego, diz Mencimer, as mulheres, segundo o Censo de 2000, "estão simplesmente deixando de ter filhos".



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