São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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"Biotônico Fontoura", "Eu Sei Tudo", "Bromil", "Antarctica"... estes são alguns dos almanaques reunidos no livro recém-lançado "Do Almanak aos Almanaques" (Ateliê Editorial), organizado pela professora de literatura e crítica Marlyse Meyer, que a seguir fala sobre a obra.

Quem escrevia nos almanaques?
Havia nos primórdios da indústria editorial voltada para publicações de larga circulação os "almanaqueiros", como são chamados no Nordeste, onde até hoje fazem almanaques tradicionais em formato de cordel. Recolhiam jogos, informações, receitas, vidas de santos, ritos, novidades, astrologia etc. Compunha-se assim uma grande colagem. Desenhistas como J. Carlos e K. Listo, poetas como Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Bastos Tigre participaram na divulgação dos almanaques "Saúde da Mulher" e do "Bromil". Benjamin Franklin redigia um célebre almanaque, e Eça de Queirós em 1895 planejou um "Almanaque Enciclopédico" com curiosidades, receitas, calendários etc.
O que o público buscava nessas publicações?
Na origem o almanaque era um simples calendário, publicação anual que podia ser consultada por quem não sabia ler. Daí ser o almanaque indissociável de imagens, figuras e signos astrológicos. Desde as origens a astrologia tem nele importância primordial. O almanaque oferece receitas práticas para cuidados do corpo, da casa, da lavoura; divulga a ciência, popularizando-a através de certas práticas; e traz lazer: o jogo, o passatempo, o enigma... Responde à religiosidade popular e se abre à literatura com fragmentos de ficção, poesias e até peças de teatro.
O que teria tomado o lugar do almanaque?
Horóscopos, palavras cruzadas, conselhos caseiros, notas literárias que se espalham por jornais e várias publicações são herdeiros do almanaque.


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