São Paulo, domingo, 11 de março de 2001

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Depois de ter sido exibido nos festivais de Montreal (Canadá) e de Brasília, chegará em breve aos cinemas brasileiros o filme "Tônica Dominante", longa de estréia de Lina Chamie. Quase sem falas, dividido em três movimentos como uma sonata, "Tônica Dominante" desponta como uma das melhores realizações do novíssimo cinema brasileiro.

Você já disse que "Tônica Dominante" é um "contraponto à produção atual"...
Eu quis dizer que a proposta do filme era diferente, radical, como foi ressaltado pela crítica. A linguagem cinematográfica é ousada, quase não há falas. Busco na música e no cuidado com a imagem uma evocação poética. A ousadia não pode levar ao fracasso?
O filme de fato desperta essa questão. Mas acho que o público vai entendê-lo, porque, apesar da linguagem elaborada, da narrativa não-linear, o filme não é hermético, transmite emoção. Há nele um protagonista, um herói que nos leva numa viagem musical, e a música é um elemento comunicativo, que envolve as pessoas. Além disso, "Tônica" empolgou quando foi exibido em Brasília. Quais as dificuldades para fazer o filme?
Trabalhamos com um orçamento muito baixo, R$ 500 mil, o que facilitou a realização. Nesse sentido a filmagem foi tranquila. Mas tivemos uma interrupção de três anos, porque o Fernando (Alves Pinto, ator principal) se acidentou logo no início das filmagens. Como vai o som no cinema nacional?
Na verdade o som nas salas era muito ruim, o que fazia com que o som no cinema brasileiro fosse um elemento marginal. Mas hoje temos tanto filmes quanto salas com excelente qualidade de som. O cinema brasileiro padece de uma epidemia de realismo?
Não sei se epidemia... Após anos parado, ele busca um acesso mais imediato ao público, o que é válido. Mas às vezes isso leva a uma produção mais convencional, diversa, por exemplo, das experiências do cinema novo.


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