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Relações conflitantes
especial para a Folha
Sobre o Carnaval também
acaba de ser lançado "O Rito e
o Tempo", da antropóloga
Maria Laura Viveiros de Castro
Cavalcanti, livro que reúne
uma série de ensaios sobre o
Carnaval carioca escritos entre
1984 e 1997.
O ponto de partida de Maria
Laura Cavalcanti é a criação,
em 1984, do sambódromo,
símbolo do reconhecimento
oficial das potencialidades turísticas e culturais do Carnaval
carioca e fator decisivo no processo de transformação de
uma festa de carisma popular
num espetáculo de grandes
proporções, destinado a ser
consumido por milhões de
pessoas. O objetivo da autora
é, grosso modo, avaliar os impactos que essa nova realidade
teve sobre a festa.
No decorrer de cinco ensaios, a antropóloga, tendo
sempre em vista os processos
de adaptação dos agentes às
novas demandas do meio, debruça-se sobre temas diversos:
a arte produzida nos barracões, o papel do carnavalesco,
a construção dos enredos e
sambas-enredos, o mecenato
do jogo do bicho e, ainda, a
transformação do Carnaval
num espetáculo visual.
Em linhas gerais, pode-se dizer que Cavalcanti, autora
também de "Carnaval Carioca
- Dos Bastidores ao Desfile"
(Funarte/UFRJ, 1994), cumpre
o que promete na sua introdução, a saber: deixar de lado
uma visão nostálgica da cultura popular e abordá-la como
"um universo de relações heterogêneas, dinâmicas e conflitantes". Pesa, contudo, contra
o livro o fato de a autora recorrer, por vezes, a uma linguagem excessivamente adjetivada e tortuosa, comprometendo
a clareza de certas passagens.
(JMCF)
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