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RISCO NO DISCO
O homem alheio
LEDUSHA SPINARDI
Que pensamentos são esses, que permanecem comigo, velados à sombra do
tempo sonhando sobre
meu ventre como se fosse
seu trono? (Serão os do homem alheio, avesso ao uivo
do mundo em generoso
abandono?) Conheço seu
banzo inato, fome paradoxal de freios, que alimentei
com o leite ingênuo dos
meus sentidos. Seu sol sorriu no meu sono, nas curvas e retas áridas, diluindo
o caldo turvo das reticências omissas. Ondulante
ausência aflita, que se dita
ao vento inverso, verte um
perfume volátil e nos vãos
dos meus lençóis me embaraça e me visita. O que sem
sinal de fim teve indelével
começo, espero que a vida
refaça, nessa palavra linda
que por sorte e por direito
nos redime e ameaça: ainda.
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