São Paulo, domingo, 14 de abril de 2002

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+ brasil 502 d.C.

Dialética da intimidade


Somente é possível viver a intimidade quando se trama conjuntamente uma estratégia de vida; e sua formulação afeta a maneira pela qual nos relacionamos com o outro como nós mesmos


José Arthur Giannotti

Para conhecer-se, nada melhor, nos diz Aristóteles na "Grande Moral", do que se voltar para um amigo e considerá-lo um outro eu mesmo. Mas não são apenas certos traços de nossa personalidade que encontramos nesse espelhamento, as formas dessa projeção se tornam importantes para definir nossa identidade. Para os gregos do século 4º a.C., a amizade, embora cultivada também na vida privada, atingia sua perfeição somente na esfera pública. Se o filósofo, porém, é aquele que se retira da "polis" para pensá-la, se é muitas vezes inimigo da democracia, precisa irmanar-se aos outros no projeto de uma vida coletiva superior para ser amigo do conhecimento. Hoje em dia, pelo contrário, exploramos o reverso dessa moeda; aprofundamos a experiência dos estóicos e dos epicuristas, para os quais a filosofia ligava indivíduos da mesma devoção, esperando que a amizade se exercesse sobretudo nos meandros da privacidade e dos relacionamentos face a face. Longe dos olhos, longe do coração, diz a sabedoria popular. Mas nesse aprofundamento passamos a separar a amizade da intimidade; a primeira, esperando encontrar no outro os traços e as demandas de uma identidade já pronta, regulada, enquanto somente na intimidade somos capazes de experimentá-lo e aceitá-lo como fonte de indeterminação, fissura do mundo. É o que se comprova quando o amigo íntimo comete grave falta moral. Ao invés de tomarmos distância dessa pessoa que passou a ameaçar a continuidade de nossos vínculos solidários, nos aproximamos dela e, tocando em seu ombro, perguntamos: "Como isso foi possível?". Desse modo expressamos a disposição de querer sua existência, seja lá como for, antes do compromisso com a norma moral. Daí ser possível negociar com as normas. Até os amigos menos próximos não servem para quebrar galhos? Mas o erro do amigo íntimo abala a raiz de nosso ser, mergulha-nos num abismo cujas margens se esvanecem e assim, nesse espelhamento de nossa ferida comum, temos a oportunidade de afirmar a vontade de viver. No entanto a prática dessa vontade implica aceitar regras duradouras. Não há dúvida de que entre os íntimos, pressuposto o respeito mútuo, tudo se torna possível. À medida que cada um, porém, passa a esperar do outro obediência a uma regra mutuamente consentida, desenha-se para eles uma trama de normas, uma moralidade privada que, para ser seguida, requer treinamento e pertinácia, em particular para bem desempenhar a tarefa de manter esse respeito. Mas nessa tecnologia necessária ao exercício da moral da intimidade se enxertam outros elementos além da mera aceitação do outro como fissura do mundo e vontade de viver. O espelhamento não pode ser entendido e praticado de várias maneiras? Não se vive sem projetos, sem esperar que os íntimos se comprometam numa direção comum. Aceitar duradouramente a existência do outro como fonte de indeterminação implica introduzir conteúdos num juízo de existência que, num primeiro momento, a despeito de cernir uma experiência vivida, ainda é vazio de uma ótica coletiva. Somente é possível viver a intimidade quando se trama conjuntamente uma estratégia de vida. E a formulação dessa estratégia afeta a maneira pela qual nos relacionamos com o outro como nós mesmos. Convém sublinhar a dificuldade que estou querendo focar. A relação de respeito é vazia enquanto não se mantiver com outrem um relacionamento duradouro, mas para que isso possa ocorrer é necessário, como meio de apresentação dessa regra, que as pessoas envolvidas aprendam a reconhecer nas atitudes e comportamentos próprios e alheios até onde o respeito visado é mantido. Esse reconhecimento, por sua vez, depende de como essas pessoas estão tecendo suas vidas e lhes emprestando sentido. Mas nesse cumprimento de uma regra assumida de respeito intervêm outros conteúdos que podem colocar em xeque o próprio respeito visado.

Liberdade a qualquer preço
Para compreender essa dialética não basta a mera descrição de experiências próprias, é preciso recorrer ainda a exemplos documentados. Por isso me interessa sobremaneira o livro recentemente publicado na França por Roger-Pol Droit, "La Liberté Nous Aime Encore" [A Liberdade Ainda Nos Ama, ed. Odile Jacob", em que o autor entrevista a jornalista e escritora Dominique Desanti e seu marido, o filósofo Jean-Toussaint Desanti.
O título, um pouco grandiloquente, indica de modo preciso uma estratégia de vida comum a intelectuais franceses que se destacaram depois dos anos 30, cujo princípio fundamental consistia em fincar pé na liberdade pessoal a qualquer preço. Mas essa exigência de liberdade pode ser exasperada em direções opostas, seja se exercendo mediante a luta constante em defesa de uma zona pessoal de indefinição e ambiguidade a que o outro não tem acesso, seja refletindo reiteradamente sobre o ato de traçar fronteiras e de transgredi-las. A primeira estratégia reconhece e preserva uma zona obscura no relacionamento, a segunda a reconhece e a problematiza. Grosso modo, as experiências dos Desanti exemplificam a primeira, as do casal Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, a segunda. Por isso vale a pena compará-las, ainda que brevemente.
Todos nós, amigos dos Desanti, sabíamos da bigamia, mas a discrição nos impedia de conhecer os detalhes desses relacionamentos. Ao sermos recebidos em jantares fabulosos preparados por Touky, nome do filósofo entre os íntimos, já contávamos com a possibilidade de encontrar com um personagem meio estranho, apelidado Le Cheval (o cavalo), o qual, segundo se dizia, era amante de Dominique. Aliás, dá o que pensar esse uso de nomes de animais para designar pessoas queridas. Dominique era Le Chat (o gato) e, como todos sabem, Simone, Le Castor. É como se um aparecesse para o outro mediante uma linguagem totêmica, marcando naturalmente peculiaridades do encontro ou traços de cada personalidade.
Mas essa discrição foi rompida, primeiramente por uma conferência de Dominique e, depois, pelo próprio casal, ao publicar o relato de suas vidas incluindo experiências amorosas. Parece-me que, para se contrapor ao convencionalismo das novas gerações, passaram a discutir suas próprias experiências inovadoras, a fim de salientar o profundo sentido ético delas. Assim ficamos conhecendo detalhes de um relacionamento "sui generis", que explicam o sentido dos compromissos assumidos.
Tanto para os Desanti como para Simone de Beauvoir e Sartre, tudo girava em torno da vontade da absoluta liberdade, a ponto de, para evitar qualquer viscosidade do real que colocasse obstáculos à livre decisão, recusavam desde logo casamento e filhos. Mas isso não os impedia de lidar estrategicamente com seus princípios, porquanto a existência do outro era-lhes mais importante do que a norma assumida. Para ajudar Dominique a livrar-se de uma família conservadora, Touky termina propondo-lhe um casamento aberto. "Por que não renová-lo cada seis meses?", responde ela.
E assim, por mais de 60 anos, cada seis meses, os dois se sentavam à mesa para jantar, tomar um bom vinho e se perguntar: "Ça continue?", mesmo depois que a cerimônia se transformara num gesto de carinho. Essa foi uma concessão que Simone de Beauvoir sempre negou. Ela conta, em "A Força da Idade", que recusa a proposta de Sartre, quando um casamento lhes possibilitaria obter dois cargos numa universidade.
Touky, cuja morte recente [em janeiro passado" ainda sentimos, nasceu na Córsega, filho de professor que lhe ensinou latim e grego como se fossem línguas vivas, o que, junto com sua aptidão para a matemática, o empurrou para a Escola Normal Superior. Amava as armas e detestava palavras inúteis.


Se o amor envolve três pessoas, são elas que devem decidir como enfrentar a nova situação, levando em conta a plenitude de suas respectivas liberdades, vencendo os ciúmes


Muitas vezes confessou sua aversão a qualquer juramento, a qualquer compromisso que viesse a impedir o exercício de sua plena liberdade, mas tirou daí a consequência de que nunca poderia pedir o sacrifício da liberdade alheia, mesmo se isso viesse a beneficiar a tranquilidade de uma vida em comum. Talvez as coisas tivessem evoluído de forma diferente -não convém subestimar o papel das circunstâncias no travejamento de uma estratégia de vida -, mas a guerra os leva a morar em cidades diferentes. Uma vez, visitando seu marido servindo em Montpellier, Dominique simplesmente o informa de que estava apaixonada por um professor de matemática. Touky teve uma reação surpreendente. Ao saber que o amante a esperava num café, vai a seu encontro para uma conversa cara a cara. Na volta diz: "Tudo arrumado, ele sabe que eu e você somos inseparáveis; para o resto você é livre". Esse episódio indica como o ritual da renovação da promessa atingia apenas a forma de lidar com um consentimento arraigado e profundo de um pelo outro. Em seu depoimento, Touky explicita que não se deve confundir amor com as patologias do estado amoroso, retomando uma expressão de Freud. Se o amor envolve três pessoas, são elas que devem decidir como enfrentar a nova situação, levando em conta a plenitude de suas respectivas liberdades, vencendo os ciúmes, isto é, o sentimento de posse do outro. Esse arranjo implicava respeito e paulatinamente até mesmo certa amizade pelo terceiro, mas nunca qualquer intimidade, apenas requeria que os homens tivessem a mulher como o objeto prioritário de seus cuidados, contornando as vicissitudes e os imprevistos da vida. Não poderia, contudo, repetir-se indefinidamente. Ao aceitar que sua companheira mantivesse uma relação estável com outrem, e Dominique conviveu 27 anos com Le Cheval", até a morte dele, era preciso que esse sentimento se articulasse com seus próprios sentimentos, sem comprometê-los. Por isso cabia separar os domínios, evitar a mistura, a libertinagem. Isso só foi possível, pensa Touky, porque ele mesmo já possuía grande familiaridade com o sexo, obtida nos bordéis de Ajaccio. Não confundia assim amor com erotismo. A vontade de vida haveria de prevalecer sobre a invocação da morte que este último traz consigo. Não há dúvida de que houve entre eles momentos difíceis de ciúmes e desentendimento, mas sempre prevaleceu o projeto de estarem juntos, o propósito de inventar nova medida para uma vida comum no elemento da liberdade. Sabiam, por sua vez, que essa medida não poderia ser proposta como padrão coletivo. Não era invenção íntima, válida somente para eles?

O sabor do tempo
A fim de evitar que o outro se tornasse fantasma entre os dois, ainda era preciso que a coexistência superasse o tempo definido pelo momento do encontro e fosse instalado na longevidade da duração. O filósofo Desanti explica que o encontro com a pessoa amada, ao converter-se numa relação durável, ao permear a corrente da vida e a sucessão do tempo, constitui-se como espécie de fecho a designar para cada um, por assim dizer, o sabor do tempo.
O momento do encontro, retomado e instalado na duração, se fecha sobre seu presente, marcando o sentido dele. Desanti, o filósofo das idealidades matemáticas, é um fenomenólogo de origem bergsoniana. Mas importa menos essa maneira de dizer sua própria experiência do que o conteúdo que se expressa por esse meio: o entendimento vivido de que a ocasião em que o outro se abre como um ente vindo a ser livre é aceito e amado como sabor permanente da própria temporalidade.
Os Desanti não deixam de sublinhar a diferença entre a solução inventada por eles e o contrato sartriano, acusado, aliás, de voyeurismo. Não há dúvida de que Touky também se lançou noutro relacionamento, mas nunca abandonaram o cuidado de evitar misturas, tanto se esforçando em conservar a parte de convivência comum quanto circunscrevendo a parte diferente. Em contrapartida, Simone de Beauvoir e Sartre, particularmente, não mantinham nem mesmo esse compromisso de infidelidade restrita.
Até nos momentos de idílio com Simone, Sartre não deixava de passar a noite com outra mulher que lhe interessasse. E mais tarde, já cego, é triste vê-lo vangloriar-se de que nunca tinha sido tão amado como nesse seu fim de vida.
Creio que esse comportamento está ligado à maneira pela qual misturavam amor e erotismo, o impulso para variar, característica desse último, amortecia o vigor do primeiro. Numa carta a Simone Jolivet, uma de suas primeiras namoradas, Sartre escreve: "Esta noite eu a amo segundo aquela minha maneira que você ainda não conheceu: nem estou diminuído pelas viagens nem absorvido pelo desejo de sua presença; domino meu amor por você e o faço entrar em mim mesmo como elemento constitutivo de minha pessoa. Isso me acontece mais frequentemente do que lhe digo, mas raramente quando lhe escrevo. Compreenda-me: eu a amo prestando atenção às coisas exteriores. Em Toulouse eu simplesmente a amava. Esta noite eu a amo mediante uma noite avançada de primavera, eu a amo com a janela aberta. Você é minha e as coisas são minhas e meu amor modifica as coisas que me envolvem e as coisas que me envolvem modificam meu amor" ("Lettres au Castor", pág. 22).
A existência do outro se apresenta, pois, misturada com a presença corporal de outras coisas do mundo e com o próprio mundo, numa espécie de pan-erotismo enfraquecido por causa de sua universalidade. Na relação eu/você não há pólo oposto que se identifique como verdadeiro e autenticamente voltado sobre si mesmo, porquanto se estilhaça a imagem projetada no espelho, até que a morte venha a colocar o selo da identidade. Daí a preocupação com a contingência que persegue o jovem Sartre. Na sua primeira grande obra, "O Ser e o Nada" (ed. Vozes), essas preocupações desenham uma teoria que, torcendo a base da filosofia heideggeriana de que os homens, existindo, se colocam a questão do ser, confere ao eu uma negatividade que o impede de demorar-se nisso ou naquilo, para vir continuadamente a ser plena liberdade.
O conhecimento de si é o conhecer de si como projeto orientado para o mundo e para os outros. Se o outro ainda é um eu mesmo, como já queria Aristóteles, agora o espelhamento de um no outro está marcado por uma intencionalidade, num ir além que necessariamente passa pelas coisas e pelos outros, sem ter assegurado o retorno ao início configurado pela subjetividade inicial. "Nunca sou verdadeiro porque sempre procuro modificar, criar", diz Sartre numa carta anterior (págs. 10-11).
Nessa passagem pela exterioridade das coisas, dos outros e do mundo, torna-se então possível utilizar esse lado exterior como se não fosse meu. É o que faz, por exemplo, uma jovem que, no início do namoro, sabendo perfeitamente aonde o outro quer chegar, acolhe a mão dele como se fosse pássaro pousado em seu colo. Nessa má-fé reside a matriz da alienação da liberdade, pois, ao acolher a mão como se não fosse dele, estabelece uma relação com o outro que não o toma como livre.
No entanto, se qualquer exterioridade, por conseguinte qualquer norma estável, deve ser atravessada pela intencionalidade de um eu que se nega a si mesmo, como a moral se torna possível? É o que Simone de Beauvoir tenta responder nos ensaios refundidos no livro "Pour une Morale de l'Ambiguïté". São textos que testemunham como a onda do existencialismo -uma filosofia pré-crítica, isto é, incapaz de analisar as condições de seu próprio conhecer e dizer, pois todo conhecimento se ancora na intuição irredutível que o eu realiza- divulga uma antropologia filosófica que, ao exasperar a liberdade individual, se torna incapaz de estabelecer até mesmo uma moral da intimidade que afirme algo mais do que a reiteração do mútuo, entremeado pelo exercício ambíguo de um ser que, para vir a ser, se nega a si mesmo.
Em contrapartida, se essa negação própria ao eu em direção ao mundo solicita o maior empenho pela vida coletiva, não emerge daí qualquer regularidade em que venha a assentar-se uma moralidade pública. Convém ler uma passagem muito significativa: "Não há para o homem qualquer maneira de fugir deste mundo; é neste mundo que lhe cabe realizar-se moralmente. É preciso que a liberdade se projete para a sua própria realidade mediante um conteúdo cujo valor é fundado por ela. Um fim não é válido a não ser por meio de um retorno à liberdade que o colocou e que se quer através dele. Mas essa vontade implica que a liberdade não seja tragada por qualquer fim e tampouco se dissipe em vão sem visar um objetivo. Não é preciso que o sujeito procure ser, mas deve desejar que haja o ser. Querer-se livre e querer que haja o ser é uma e a mesma escolha: a escolha de que o homem faz de si mesmo como presença no mundo. Não se pode dizer nem que o homem livre quer a liberdade para desvendar o ser nem que quer o desvendamento do ser para a liberdade; pois são dois aspectos da mesma realidade" (pág. 100). Ora, do querer que haja o ser não se segue nenhuma regra.
É fascinante estudar como essa adesão à liberdade absoluta conciliou, por caminhos e graus diferentes, tanto os Desanti como Simone de Beauvoir e Sartre com o stalinismo. Mas isso deverá ser estudado noutra ocasião, para mostrar como essa ambiguidade do ser própria ao eu cria sérios problemas para o estabelecimento de uma moralidade pública. Por ora cabe sublinhar como certas diferenças no modo de lidar com essa ambiguidade conduzem, na intimidade, a comportamentos opostos.
Ao reconhecer Dominique como alteridade absolutamente livre, Desanti traça uma barreira além da qual o conhecimento estanca. Por isso, se ambos comprometem-se a não mentir, também assumem a regra de nunca perguntar. Em contrapartida, Simone e Sartre questionam-se a todo momento. Se os seres humanos são inteiramente cognoscíveis, o amor pelo outro implica percorrer palmo a palmo seus pensamentos, ações e sentimentos. Simone de Beauvoir leva esse compromisso ao desespero. Vasculha o outro quando se afirma e quando negaceia, converte-se assim no escriba a pôr em história os pormenores de uma vida. Beira a perversão e o ressentimento quando, num livro terrível, "A Cerimônia do Adeus", descreve as vicissitudes cotidianas de Sartre desenganado.
Há ainda muito a ser pensado sobre essas amizades, mas do que já foi dito e relembrado é possível tirar a moral da história. Desde que se tenha em vista o respeito mútuo, é válido tudo na moral da intimidade, mas sob a condição de que o exercício dessa regra não transforme a estratégia de vida que lhe empresta realidade numa rígida coreografia a que se deva obediência irrestrita.

José Arthur Giannotti é filósofo e professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, autor de, entre outros, "Certa Herança Marxista" (Cia. das Letras). Ele escreve mensalmente na seção "Brasil 502 d.C.".


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