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+ poema
de Régis Bonvicino
O sono
Durmo acordado
acordo dormindo
a manhã não é manhã
acordo súbito
sempre
é um sono entre dentes
com vasos de férulas
no criado-mudo
durmo me matando
acordo de ressaca
engolindo o estômago
não durmo
o sono não se inicia
a cabeça me soletra
pesadelos
ouço a música
de um banjo
feito de uma lata opaca
durmo com medo
de não dormir
de acordar abrupto
vivo em estado de vigília
insônia ínsita
a me fertilizar narciso
a insônia é vício
pulsos cortados
gilete, comprimidos
irrompe um suicídio
qualquer coisa me invade
o sono não existe
preciso fumar mais
um cigarro
musgo viscoso da memória
escolhido a dedo
a memória me molesta
desleal, pesada
o sono é pisadeira
durmo acordado
acordo letargo
e a noite pisa em mim
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