São Paulo, domingo, 17 de julho de 2005

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O medo como metáfora

A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (68)
A ameaça externa à sociedade americana são os soviéticos (estamos no meio da Guerra Fria) e, internamente, o país vivia o dia seguinte do Civil Rights Act, de 1964, que entre outras coisas protegia o negro norte-americano de discriminação no trabalho e dava respaldo legal ao crescente movimento por igualdade racial. No filme, um dos zumbis mais articulados e temidos é um negro; outro é morto por um grupo de homens brancos armados antes que fosse comprovado que ele havia mesmo se tornado um zumbi.

DESPERTAR DOS MORTOS (78) De fora a fora, é uma crítica à fuga ao subúrbio e ao consumismo que toma os EUA, impulsionado pela maior e mais rica classe média do planeta, surgida no pós-Segunda Guerra Mundial. Depois de tomar o planeta, os zumbis cercam humanos no último shopping center livre da última cidade; estes lutam até o fim para defender seu terreno. Rendeu até estudo acadêmico, "Zombies, Malls, and the Consumerism Debate -George Romero's Dawn of the Dead", de Stephen Harper, da Universidade de Glasgow.

DIA DOS MORTOS (85)
Ronald Reagan acaba de propor seu plano de defesa estratégica, em 1983, batizado propriamente de "Guerra nas Estrelas", que promete proteger o país de qualquer ataque nuclear por míssil; ao mesmo tempo, a Aids deixa de ser o "câncer gay", apelido da doença no começo da década de 80, para atemorizar homos, héteros e bissexuais democraticamente; no filme, um grupo de cientistas e militares reunidos num dos últimos bunkers não-tomados pelos zumbis tentam achar a "cura" para a "infecção" dos mortos-vivos.


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