São Paulo, domingo, 17 de julho de 2005

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O terror da influência

DO ENVIADO A LOS ANGELES

Todo mundo que um dia já flertou com o terror, do cineasta Steven Spielberg (episódios de "Amazing Stories") ao prolífico escritor Stephen King ("Carrie, a Estranha", entre dezenas de outros), já deu o devido crédito a George Andrew Romero como uma das influências mais marcantes, notadamente sua obra seminal "Noite dos Mortos-Vivos", de 1968. Quentin Tarantino ("Pulp Fiction") dobra seus joelhos e beija a mão de Romero a cada vez que o encontra e já chegou a organizar mostras que tinham seus filmes menos conhecidos (ele é autor de 16 longas, nem todos do gênero "zombie movie") como tema. A Folha teve acesso ao depoimento de alguns diretores, que falam de George Romero sob a perspectiva política:

Dennis Hopper (diretor de "Sem Destino", de 1969, e "As Cores da Violência", de 1989, entre outros) -"Posso me considerar seu colega de geração, pois começamos a dirigir praticamente juntos, com um ano de diferença. Não preciso dizer das técnicas de guerrilha de Romero, como usar intestino de porco à guisa de carne humana, o que ele faz até hoje em nome do, digamos, "realismo", mesmo com todos os efeitos de computador possíveis. O que mais me assusta em seus filmes é a premissa dos inimigos não terem sentimento contra nós, apenas vontade de nos comer, ou nos destruir. Isso é o mais assustador."

Guillermo del Toro (diretor de "Hellboy", de 2004, e "Blade 2", de 2002, entre outros) - "Romero faz algo que só encontrei nos livros de Stephen King, que é nacionalizar o terror, trazer o horror para a porta da casa dos norte-americanos. Esse será seu principal legado, e não há muitos cineastas que criam um gênero ou deixam um legado, pode ter certeza. Vê-lo voltar ao tema da trilogia que o fez conhecido mundialmente é, mal comparando, ver Michelangelo voltar a pintar um novo teto da capela Sistina."

John Landis (diretor de "Um Lobisomem Americano em Londres", de 1981, entre outros) - "Eu fui dos poucos felizardos a assistir à "Noite dos Mortos Vivos" já na estréia, nos anos 60, e tenho de confessar que não estava preparado para uma ficção política tão sofisticada e brutalmente realista, apesar de toda a carnificina envolvida. Veria o filme de novo com meu então colega de cinema, Steven Spielberg."

Clive Barker (diretor de "Hellraiser", de 1987) - "Acho que "Terra dos Mortos" é Romero voltando a fazer o que ele faz melhor e de onde nunca deveria ter se afastado. Quem quer ver um filme de não-zumbis dele?" (SD)

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