São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Literatura 1
por Nelson Ascher

A descoberta do islã
Graças à Segunda Guerra no Pacífico, milhares de norte-americanos aprenderam japonês e se tornaram divulgadores de sua cultura. Talvez a conflagração entre países islâmicos e Ocidente leve à descoberta das literaturas árabe e persa clássicas e modernas nos EUA e no mundo.

Sites bilíngües
A tradução, sobretudo para o inglês, progredirá. Toda cultura que quiser ser conhecida terá que se apresentar na internet em sites bilíngües, dos quais haverá cada vez mais traduzidos para o inglês por seus países. Línguas dispostas a concorrer com o inglês divulgarão obras estrangeiras, não só as suas.

Relatos de viagem
Durante a Guerra Fria, cresceu o interesse literário pela União Soviética, o Leste Europeu e a América Latina. Regiões problemáticas exercerão atração sobre o resto do planeta com sua literatura ou por meio de relatos de viagem e ficção ambientada nelas, influenciando o que se escreve em outras partes.

Arthur Koestler, Czeslaw Milosz
Autores esquecidos que escreveram sobre tais lugares serão resgatados. Gente que visitou e/ou falou do islã, da Ásia Central e Índia, assim como, devido à ascensão da esquerda na América Latina, as testemunhas desiludidas com o comunismo (Orwell, Koestler, Serge, Czeslaw etc.) voltarão a circular.

Legado concreto
No Brasil, a estatura de Haroldo de Campos crescerá e o legado de sua geração (concretos, Gullar, José Paulo Paes) vai se consolidar. O reconhecimento de Vinícius de Morais poderá convencer os poetas atuais a, fugindo do coloquialismo obrigatório, rever a tradição e as formas fixas.

NELSON ASCHER é poeta, crítico e tradutor. É colunista da Folha.

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