São Paulo, domingo, 19 de abril de 1998

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RISCO NO DISCO
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LEDUSHA
Gastei toda aquarela, recolhida. Silêncio de barcos acidentados, fruta madura espatifando-se na terra seca. Colhi no ventre da treva estas palavras, tocando-as devagar, com medo de que por trás de suas faces frescas me aguarde uma emboscada. Sei pelo avesso suas formas conturbadas, me atormentam seus abismos híbridos. Vê-las pulsando salva-me da lábia estofada cotidiana, mas também me expõe à rude dimensão da liberdade, só permitida aos desapegados. Estala a pedra cristalina que posso atravessar num sopro. Após tantas águas fugidias, o refluxo. As portas batem, como nos dias arejados.


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