São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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RISCO NO DISCO
Ninguém

LEDUSHA
Uma pausa e dois movimentos, uma pausa e dois movimentos, assim ela vai ganhando leveza, girando na sala crepuscular. Ele assiste à dança que nasce dessa ingênua teimosia. Um-dois-dois-um, um-dois-dois-um. Ela roda, presença porosa, indisfarçável conteúdo sob todos os véus. O cavalo cego freme as narinas novamente, levantando as patas dianteiras. Ardem. A náusea agora é um rio sem margens, onde ele mergulha à deriva. Na última golfada um feixe mudo de alma, nódoa nos linhos da mesa posta. Seus olhos ainda respiram na sala, à espera de sapatilhas desatadas.



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