São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Manifestantes se reúnem na av.Paulista, em São Paulo, por ocasião do Dia Nacional de Luta Contra a Aids, em 1995


A AIDS NÃO MORREU


Euforia com novos tratamentos levaram a relaxamento na prevenção da doença do século, que está intensificando seu ataque
VANESSA DE SÁ
da Reportagem Local

``Devemos voltar à neurose do final dos anos 80'', disse à Folha Chris Collins, do Centro de Prevenção à Aids da Universidade da Califórnia, em San Francisco. A euforia gerada pelos resultados promissores dos novos coquetéis de drogas, que combinam medicamentos que atuam em diferentes fases do ciclo de vida do HIV, parece estar levando ao relaxamento das medidas de prevenção, principalmente o uso de preservativos. Embora os coquetéis aumentem significativamente a sobrevida dos pacientes e reduzam o número de internações, eles são caros -um dos principais problemas em países pobres- e não curam.
Dados mostram também que, em todo o mundo, a doença não só está se intensificando, mas também se espalhando cada vez mais para novas áreas -pobres, em sua maioria- e novos grupos, como o das mulheres.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 1º de janeiro de 1995 e 13 de dezembro do mesmo ano houve um aumento de 26% no número de casos em todo o mundo e, em 1º de janeiro de 1996, mais de 1 milhão de pessoas já haviam desenvolvido a doença, e outros 20 milhões são soropositivos.
Com 103.262 casos de Aids desde 1980, o Brasil detém hoje 75% dos casos registrados na América Latina.
``Estamos longe de uma solução para o problema'', diz Marcus Conant, um dos pioneiros do tratamento de Aids nos EUA, em entrevista à Folha .

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã