São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997. |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice LYGIA FAGUNDES TELLES CONTOS DE VERÃO
Enquanto é fotografada, Lygia trabalha, datilografando um conto no papel sulfite. Ao errar, pinta o erro com corretor branco e prossegue. Revisa o que acabou de escrever e fica descontente com um parágrafo inteiro. Retira o papel da máquina, corta a parte ruim com uma tesoura, emenda em outra folha com cola, recoloca o papel no rolo da máquina e reescreve o parágrafo. "Assim ficou melhor", diz, e traga forte o cigarro. "Ganhei um computador de presente. Ele está lá no quarto, dentro da embalagem. Quando eu terminar de escrever meu próximo livro, vou aposentar a máquina de escrever e usar o computador", diz, sem muita convicção. Ao escrever, Lygia gosta de ouvir música clássica. "Mas não pode ser música com letra, porque aí não me concentro." Para não se desconcentrar, precisou deixar Lili Carabina, sua gata, com a vizinha. "Eu a amo, mas ela estava me roubando muito a atenção." Sobre sua mesa, ficam algumas pastas de papelão, como as de uma professora de crianças, com pequenas etiquetas adesivas na capa. Há a pasta "papéis recentes", com recortes de jornal, ou a pasta onde ela arquiva os contos do novo livro, que ele talvez chame de "Invenção e Memória", talvez de "História de Passarinho". LYGIA FAGUNDES TELLES nasceu em São Paulo (SP), onde vive. Escreveu "As Meninas" (José Olympio), "As Horas Nuas" (Nova Fronteira) e "A Estrutura da Bolha de Sabão" (Record), "A Noite Escura e Mais Eu" (Nova Fronteira), entre outros. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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