São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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ISAIAS PESSOTTI

O autor
Como leigo em teoria literária, mero leitor, parece haver um tipo de romancista que constrói o texto presumindo emoções de quem lê; compõe a obra para o leitor, ajustando a linguagem a esse fim.
Outro tipo é o que se enamora pela obra e a constrói pelo prazer, todo seu, de criá-la; e nesse caso é o leitor que se deve ajustar à forma do texto. Eu arriscaria incluir Machado de Assis no primeiro tipo e Guimarães Rosa, no segundo.
Na obra de Guimarães, o que me fascina mais é o estro da linguagem, engenhosa, rica e que me obriga a admirar o autor, a cada linha. Já a narrativa de Machado é tão envolvente que, do começo ao fim, esquece-se quem a escreveu e se é seduzido inteiramente pela trama. Não consigo indicar qual dos dois é melhor. Porém, visto que "admira-se a Vieira, mas a Bernardes admira-se e ama-se", a Machado de Assis admiro e amo.

A obra
Essa apreciação refere-se a "Dom Casmurro", pela sedução da narrativa, e a "Grande Sertão: Veredas", pelo fascínio do estilo e da linguagem.


ISAIAS PESSOTTI é escritor, ex-professor titular de psicologia na Faculdade de Medicina da USP (Ribeirão Preto). É autor de "Aqueles Cães Malditos de Arquelau" (ed. 34).


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