São Paulo, domingo, 22 de novembro de 1998

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DIÁLOGOS IMPERTINENTES

Política da terceira idade

NELSON ASCHER
da Equipe de Articulistas

A velhice foi o tema do programa de 27 de outubro da série "Diálogos Impertinentes", promovida em conjunto pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), Sesc e Folha. Participaram dessa discussão a professora emérita e titular da PUC Susana Rocha Medeiros, autora de "Envelhecimento com Dependência", e o escritor e cineasta José Roberto Torero, articulista da Folha, autor de "O Chalaça" e do roteiro do filme "Pequeno Dicionário Amoroso".
A discussão oscilou entre, por um lado, os problemas enfrentados pelos idosos, e estes abordados mais pelo prisma das dificuldades sociais do que das pessoais, e, por outro, das alterações em suas vidas, alterações acarretadas pelo crescimento da população idosa propiciado pelos avanços da medicina. A aposentadoria, o decorrente exílio do idoso na inatividade bem como a capacidade reivindicativa dos aposentados no plano da política foram também tópicos importantes numa conversa que tomou como pressuposto o fato de que os velhos perderam seu antigo papel de sábios e de "memória viva" da comunidade, mas ainda não encontraram um novo.
Susana falou da "terceira idade" enquanto categoria política, cuja luta "ainda não é muito forte, mas já está se organizando". Ela enfatizou também a necessidade de continuar educando os idosos, enquanto Torero ressaltou que se tratava de uma obrigação do Estado, independentemente de qualquer retorno lucrativo, e, citando os exemplos de José Saramago e de Cora Coralina, lembrou que no caso de muitos escritores é depois dos 40 que se otimiza o funcionamento dos neurônios.
Finalmente, respondendo a perguntas da platéia sobre de que modo o entretenimento, TV e outros meios, estaria tornando melhor a vida dos idosos, Susana concordou que TV e cinema de fato a melhoravam, embora Torero lembrasse que, para todos os efeitos, a grande forma de comunicação dos idosos continuava sendo a fila de aposentadoria dos bancos: "É impressionante como muito cedo, muito antes de abrir, já existe uma grande fila e eu tenho a impressão de que é uma fila para conversar, não só para pegar o dinheiro mais rápido".



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