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DIÁLOGOS IMPERTINENTES
Política da terceira idade
NELSON ASCHER
da Equipe de Articulistas
A velhice foi o tema do programa
de 27 de outubro da série "Diálogos Impertinentes", promovida
em conjunto pela PUC (Pontifícia
Universidade Católica), Sesc e Folha. Participaram dessa discussão
a professora emérita e titular da
PUC Susana Rocha Medeiros, autora de "Envelhecimento com
Dependência", e o escritor e cineasta José Roberto Torero, articulista da Folha, autor de "O Chalaça" e do roteiro do filme "Pequeno Dicionário Amoroso".
A discussão oscilou entre, por
um lado, os problemas enfrentados pelos idosos, e estes abordados mais pelo prisma das dificuldades sociais do que das pessoais,
e, por outro, das alterações em
suas vidas, alterações acarretadas
pelo crescimento da população
idosa propiciado pelos avanços da
medicina. A aposentadoria, o decorrente exílio do idoso na inatividade bem como a capacidade reivindicativa dos aposentados no
plano da política foram também
tópicos importantes numa conversa que tomou como pressuposto o fato de que os velhos perderam seu antigo papel de sábios e de
"memória viva" da comunidade,
mas ainda não encontraram um
novo.
Susana falou da "terceira idade" enquanto categoria política,
cuja luta "ainda não é muito forte,
mas já está se organizando". Ela
enfatizou também a necessidade
de continuar educando os idosos,
enquanto Torero ressaltou que se
tratava de uma obrigação do Estado, independentemente de qualquer retorno lucrativo, e, citando
os exemplos de José Saramago e de
Cora Coralina, lembrou que no
caso de muitos escritores é depois
dos 40 que se otimiza o funcionamento dos neurônios.
Finalmente, respondendo a perguntas da platéia sobre de que modo o entretenimento, TV e outros
meios, estaria tornando melhor a
vida dos idosos, Susana concordou que TV e cinema de fato a melhoravam, embora Torero lembrasse que, para todos os efeitos, a
grande forma de comunicação dos
idosos continuava sendo a fila de
aposentadoria dos bancos: "É impressionante como muito cedo,
muito antes de abrir, já existe uma
grande fila e eu tenho a impressão
de que é uma fila para conversar,
não só para pegar o dinheiro mais
rápido".
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