São Paulo, domingo, 23 de abril de 2000


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Brasileiros temem mais a agressão física do que a miséria e a fome; 87% têm orgulho do país
Maior medo é o da guerra

da Redação

Os brasileiros são um povo pacífico. É o que se deduz dos números do "Relatório Folha da Utopia Brasileira". Indagados sobre o seu maior medo em relação ao futuro, os entrevistados não titubearam: guerra (22%) e violência (20%) são as coisas que mais os assustam. Atrás, bem atrás, aparecem o medo do desemprego (7%), da miséria/fome (6%), da corrupção (5%), dos norte-americanos (4%), das drogas (3%) e da privatização (1%). Os que mais temem a agressão física -aí somadas a guerra (civil, mundial, revoluções) e a violência (criminalidade, falta de segurança)- são os de mais baixa renda (43%) e escolaridade (47%) e os indígenas (47%). Também as mulheres são mais sensíveis nesse aspecto do que os homens: 47% contra 37%. Já os que recebem mais de 20 salários mínimos e têm nível superior sentem-se muito menos inseguros nesse ponto. Para estes, a soma dos medos com guerra e violência fica na faixa dos 22%. Para os que eram criança no tempo dos ataques nazistas e da bomba de Hiroshima, o medo específico da guerra atinge o nível mais alto (27%), contrastando com os 16% registrados entre os mais jovens (de 16 a 24 anos). Outro detalhe merecedor de destaque: os brasileiros têm mais medos do que sonhos em relação ao futuro do Brasil. De todos os entrevistados, 10% não souberam dizer qual o seu maior sonho para o país, enquanto apenas 5% não identificaram o que mais temem.

Orgulho canarinho
Um dos fatos mais incontestáveis revelados por essa sondagem é o pendor ufanista do brasileiro. No somatório geral, 87% dos entrevistados sentem orgulho do país em que nasceram. Campeões absolutos do orgulho nacional são os "patrícios" (forma meio antiga e lusitana de designar os que vivem num mesmo país) do Norte e do Centro-Oeste, empatados com 91%. Considerando-se a faixa etária dos entrevistados, a rapaziada de 18 a 24 revelou-se a mais patriótica (89%). Mas os menos otimistas com o país -pessoas de 35 a 59 anos- não ficaram muito atrás: 84% deles se disseram orgulhosos do país. Já por região, os que disseram ter mais vergonha que orgulho do Brasil são os moradores do Sudeste (13%) e do Nordeste (12%). A vergonha de ser brasileiro também é mais intensa entre a população urbana (15%) do que a rural (10%). E cresce ligeiramente entre os menos escolarizados (13%) -contra 11% dos de nível superior de escolaridade. Quanto ao sexo, homens (86%) e mulheres (88%) estão muito felizes com a nacionalidade que têm.

Participar é preciso
A ampla maioria dos entrevistados considerou muito importante votar e participar de movimentos sociais para que o país melhore.
Questionados sobre a importância do voto, os que lhe atribuíram maior peso foram os mais escolarizados (88%) e provenientes das classes A/B (83%), contra 76% dos que têm primeiro grau e 77% entre os das classe D/E. A geração 80 é a que dá mais valor às urnas (81%).
No entanto, embora a maioria considere "muito importante" participar de movimentos sociais, o índice dos que efetivamente se vinculam a esses movimentos é baixo. E os partidos políticos são os que têm menor índice de adesão. Na escala adotada pela pesquisa, os movimentos de igreja ficaram à frente (102), e os partidos políticos (27), em último.


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