São Paulo, domingo, 25 de março de 2001

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MILLÔR

O perigo de você ir a 10 analistas é descobrir que tem 10 personalidades

1. Avançando Wahrol
Dia virá em que todo mundo estará na televisão. E não haverá ninguém do outro lado.

2. Ganhe a eleição, Dr. Serra!
Alguém aí se lembra quando todas as salas de visita tinham uma escarradeira? Quando todos os barbeiros tinham, eram obrigados a ter, uma escarradeira?. Que fim levou a fabulosa expectoração nacional?
O Brasil está precisando urgentemente da volta da escarradeira.

3. Atualizando
Provérbio antigo: "É sempre leve o fardo no ombro alheio."
Provérbio atual: "No dos outros não arde."

4. Imutabilidade
Se você não é o Bill Gates, nem o senador Estevão, nem o Roberto Marinho, me diz aí: houve algum tempo em que a vida não estivesse pela hora da morte?

5. Prudência
Continua-se repetindo um conceito milenar (errado) - não se deve julgar ninguém pelas aparências. Mas você vai esperar o quê pra julgar o Sérgio Naya e o Juiz Lalau? Provas? Agora, quando ao Estevão , vou ser prudente - e acho melhor aplicar o conceito. O ex-senador é o retrato cuspido e escarrado do Bonitinho mas Ordinário.

6. Esclarecendo a história
"Mr. Watson, come here.; I want you".
Primeiras palavras pronunciadas por Graham Bell, em 1876, ao telefone.
O milagre não foi o telefone, nem a ordem dada. Foi Bell ter sido atendido.

7. "Estrupo, minha nega?"- um estuprador.
Como hoje a masculinidade (que elas chamam de machismo) está em baixa, o moralismo americano, o mais nojento da história, armou uma "multissexual" constituída de mulheres e advogados (esta a classe mais poderosa - e desprezada - hoje, nos Estados Unidos) pra tomar dinheiro de todo incauto que teve a má idéia de nascer macho e em certo momento dar uma trepadinha fora de hora em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer zinha fazendo vestibular pra virgem. Em geral elas não passam. Levam pau.
Mas ficou firmado, nos "Steits", que - mesmo no século 21 - todas as mulheres são ingênuas, vítimas de qualquer tarado que, à menor distração delas, abaixa as calças no meio do salão, e ordena, alto e bom som: "Chupa aqui, santíssima abadessa!".
Conheci muitos cafajestes em minha vida, andei em muita barra pesada, mas nunca vi cafajeste, por mais grosso que fosse, baixar as calças diante de uma mãe de família, assim, sem mais aquela.
Vejam bem, não modifiquem minhas santas palavras, como tanto acontece. Estupro é toda uma outra história. Mas a primeira coisa que uma legislação judiciária que se preze deve fazer é tomar cuidado com propostas como as da Senadora Benedita, usando os apelativos, preta, mulher e favelada (que há muito já não é), como "upgrade" para graus de vitimização.
Mas, estupro provado, a pena deve ser pesada.
Estupro é crime hediondo (haja ou não lei com esse nome) e qualquer um tem o direito de capar o estuprador, antes do julgamento. Ou depois, se não der antes.
Agora, assédio (e isso já foi muito discutido, pessoár), no Brasil, é paquera, não tem nada a ver com crime, é jogo sexual social, você brinca com meu brinco, você traça com meu troço, (daqui a pouco vão, como nos "Steits", proibir menino e menina, em baixo dos lençóis, de brincar de médico e doente), em que cada um arrisca o seu em nome do do outro. Hoje a mulher goza, fica dez anos na tocaia e, quando, por acaso, o cara vira Clinton, vira Pelé, ela corre atras do lucro (o crime é imprescritível), chama como testemunhas várias velhinhas como elas, que passavam atrás do poste vinte anos antes, e tacam em cima do pobre diabo uma penalidade (de preferência em dinheiro vivo) que nenhum de nós, jornalistas, tem condições de pagar.

NOTA BENE: Viram, colegas, como sou solidário com a classe? Ou vocês pensavam que era um artigo genérico?

Site do Millôr: www.uol.com.br/millor



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