São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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+ para entender Jung

Anima/Animus - Ambos os sexos contêm elementos um do outro, em estado mais ou menos inconsciente. A anima é a contrapartida feminina no homem, assim como o animus é o princípio masculino sob a consciência da mulher. São pontes privilegiadas para o mundo interior, mas costumam aparecer sob projeções externas: mãe e pai, irmãos, professores, artistas, ídolos esportivos, parceiros conjugais.

Arquétipos - Possibilidades a priori de representação que presidem a atividade imaginativa universal. Os arquétipos (termo de origem platônica) são estruturas inatas, matrizes universais porque inscritas no inconsciente coletivo. Isso não impede diferenças e singularidades no nível das "imagens arquetípicas": nas expressões concretas que "atualizam" o arquétipo num dado contexto cultural e pessoal.

Complexo - Grupos de representações, pensamentos e lembranças dotados de poderosa carga afetiva e que atuam no inconsciente como "personalidades parciais", mais ou menos autônomas e incômodas em relação ao ego consciente (ele mesmo um complexo entre outros, embora investido do papel de comando sobre a consciência). Foi Jung, com seus testes de associação de palavras, quem consolidou e difundiu na psicologia profunda (a que supõe o inconsciente) o conceito de complexo, que apareceria na célebre fórmula freudiana do "complexo de Édipo".

Extrovertido/Introvertido - Uma das teorias junguianas de mais intensa difusão até na linguagem do dia-a-dia. O extrovertido está voltado prioritariamente para fora de si -ou seja, ele se guia pelo mundo externo, seus interesses são projetados no objeto. Já o introvertido é "retraído"; no sentido de sua energia vital (libido), é voltada para si mesmo, tendo o mundo externo, para ele, um valor secundário, senão negativo.

Funções - Jung entende que, ao lado das atitudes introvertida ou extrovertida, há quatro funções básicas de estruturação da consciência: sensação (diz que algo existe), pensamento (revela o que é esse algo), sentimento (mostra seu valor) e intuição (indica suas possibilidades). Um desenvolvimento unilateral, com ênfase exagerada numa função e inibição maior ou menor das demais, pode levar a desequilíbrios neuróticos.

Inconsciente coletivo - Talvez a contribuição mais célebre de Jung. O psicólogo suíço admite um inconsciente pessoal com "todas as aquisições da existência pessoal: o esquecido, o reprimido, o subliminarmente percebido, pensado e sentido". Numa camada mais profunda da psique, porém, está o inconsciente coletivo, composto de "conteúdos que não provêm das aquisições pessoais, mas da possibilidade hereditária do funcionamento psíquico em geral, ou seja, da estrutura cerebral herdada"; tais conteúdos, detectados por Jung nos delírios esquizofrênicos, se plasmam em motivos e imagens mitológicas semelhantes dos mais distintos povos.

Individuação - Grande meta da terapia junguiana, é "o processo de formação e particularização do indivíduo e, em especial, o desenvolvimento do indivíduo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva". Tal processo envolve a integração do ego com o "Selbst" (Si-Mesmo, a totalidade da personalidade, consciente e inconsciente), mediante um ir além das máscaras sociais e uma integração da "sombra" -os aspectos da nossa personalidade considerados moralmente reprováveis. Símbolos oníricos, mitos, contos de fada e a alquimia são representações típicas dessa luta por tornar-se o que se é.

Sincronicidade - Assim como ao estudar os mitos ou os óvnis, esta é outra das incursões de Jung por um campo usualmente banido do bom-senso científico. A sincronicidade é "um princípio de conexões acausais": abrange as coincidências "inexplicáveis" entre fatos que têm entre si uma relação de significado, sem que um tenha sido causado pelo outro; o conceito se refere à confluência de sentido entre um estado psíquico do observador e algum acontecimento externo.


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