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DIÁLOGOS IMPERTINENTES
O privilégio do lazer
NELSON ASCHER
da Equipe de Articulistas
Os "Diálogos Impertinentes",
série promovida pela Folha, pela
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo e pelo Serviço Social
do Comércio (Sesc), tematizaram
em junho o lazer.
Participaram do programa o sociólogo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-São
Paulo, e o economista Márcio
Pochmann, professor da Unicamp (Universidade de Campinas).
O tema foi abordado sob vários
ângulos, do ponto de vista do trabalhador, da sociedade e do Estado, no Brasil e no mundo, hoje em
dia e em outras épocas. Segundo
Pochmann, numa sociedade de
mercado, que gera excedente de
mão-de-obra, o tempo livre se divide na verdade em duas categorias, o lazer propriamente dito e o
desemprego.
Danilo, por sua vez, observou
que o lazer não está incluído na
cesta básica, que os políticos preferem investir em realizações
mais visíveis e, por isso, a responsabilidade pelo lazer acaba ficando com a iniciativa privada.
Houve, durante as discussões,
certo consenso a respeito de que
só tem lazer quem tenha emprego
e que, no caso do Brasil, esse setor
da população dispõe de pouco
tempo livre e trabalha frequentemente horas excessivas. Essa
questão ficou nítida quando Mario Sergio Cortella, um dos coordenadores da discussão, perguntou aos debatedores se no Brasil
se vivia no momento numa sociedade do lazer ou da desocupação.
Discutiu-se também o fato de
que o lazer não deveria ficar confinado à indústria de entretenimento e que iniciativas públicas
relacionadas com a melhora da
qualidade de vida são geralmente
essenciais para determinar o tipo
de lazer de que a população dispõe.
Uma das conclusões centrais do
debate é a de que, nos dias que
correm, o foco das atenções já não
se concentra mais exclusivamente
sobre o trabalho e que o interesse
dedicado ao estudo do tempo livre é cada vez maior.
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