São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998 |
Texto Anterior | Índice RISCO NO DISCO Paradiso
LEDUSHA Amigo: há quantos anos vivo nesse castelo com Pablo! Na primavera nossos jardins ainda desprendem aromas perturbadores e no verão os pássaros explodem. Estaria plena não fossem brilho e fragilidade à mostra, um poder imperdoável, por aqui. Ilusão à toa. Exercito a delicadeza, implacável com traças e cacoetes. Nas tardes douradas esgueiro-me pelo bosque tinto de melancolia até tocar o lodo com os pés esguios. Farpa que purifica. Ainda lembras o percurso? São regulares as visitas infames, as queimaduras no antebraço, as intermináveis touradas. Parto no outono, que chega em três domingos com o trem azul, rompendo o silêncio dos trigais. Espere-me no café, com vinho, mapas e confissões. Texto Anterior | Índice |
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