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Tucanato
LEONARDO AVRITZER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Grupo que se viu alijado do
poder em 2002 e sem perspectiva de uma volta rápida ao Planalto. Tal situação
os deixou extremamente incomodados, uma vez que haviam se desacostumado com a vida na planície. Posição em relação ao escândalo atual:
euforia cautelosa. Os tucanos sabem
que o escândalo que explodiu na
mão do presidente Lula é um escândalo do presidencialismo de coalizão e que pode afetá-los tanto quanto afeta o atual governo. Afinal, José
Dirceu não fez muito mais que copiar a receita de FHC para lidar com
o Congresso: cooptá-lo e despolitizá-lo através da oferta de cargos e
benesses no poder central.
Até agora os tucanos conseguiram
escapar relativamente ilesos do escândalo nos Correios e do "mensalão". Eufóricos com a perspectiva de
voltarem ao poder antes do que imaginavam, sua estratégia é não radicalizar o Congresso contra o governo,
porque sabem da popularidade do
presidente. Principal perigo no futuro: que a perspectiva de volta ao poder gere divisões no seu interior.
Quatro projetos políticos podem se
enfrentar: o do ex-presidente FHC,
que gostaria que a sua década no governo deixasse de ser avaliada como
herança maldita; a do atual prefeito
de São Paulo, José Serra, que acha injusto ter de continuar na prefeitura
tendo chances de se torna presidente; a posição do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, que acha
que nada mudou e que sua candidatura está consolidada; e, finalmente,
a posição do governador de Minas
Gerais, Aécio Neves, cujo projeto
passava por uma derrota do PSDB
de São Paulo para o PT.
Leonardo Avritzer ensina ciência política
na Universidade Federal de Minas Gerais.
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