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DIÁLOGOS
IMPERTINENTES
Fronteiras naturais
da Redação
As relações entre natureza e cultura e a busca de determinações
biológicas para explicar situações
tidas como produtos do meio social foram os principais pontos de
discussão dos "Diálogos Impertinentes" realizados em junho.
Participaram do debate, cujo tema foi "O Natural", o antropólogo Edgar Assis Carvalho e o psicólogo Paulo Gaudêncio. Carvalho,
com pós-doutorado em antropologia social pela Escola de Altos
Estudos em Ciências Sociais, na
França, é professor da Pontifícia
Universidade Católica (PUC-SP)
desde 1969.
Gaudêncio, médico psiquiatra
formado pela Universidade de São
Paulo, também foi professor na
PUC-SP. Dedica-se há 38 anos à
psicoterapia de grupo e supervisiona uma equipe de pesquisa que
presta serviços a empresas.
O programa foi mediado por
Mário Sérgio Cortela, professor do
departamento de teologia da
PUC-SP, e pelo jornalista Marcos
Augusto Gonçalves, editor de Domingo da Folha.
Para Carvalho, a definição das
fronteiras entre o natural e o social
ainda é "um problema para a
ciência". Guiando-se pela antropologia, ele disse ver "na natureza
o domínio da universalidade e na
cultura o mundo da relatividade,
da regra, do padrão".
Carvalho citou o antropólogo
Claude Lévi-Strauss, para quem a
passagem do natural para o cultural é marcada pela proibição do incesto. Ele afirmou, contudo, que
pesquisas recentes com primatas
revelam comportamentos que poderiam ser considerados "culturais". Sendo assim, a cultura poderia "deixar de ser exclusiva do
homo sapiens para estar também
nessa fronteira complicada dos
nossos primos mais próximos".
Gaudêncio concordou com Carvalho nas questões referentes à interdição, mas ambos polemizaram
quando o tema foi a determinação
genética de alguns comportamentos.
No caso específico do homossexualismo, Gaudêncio, embora levando em consideração aspectos
culturais, endossou as teorias que
identificam causas genéticas para
o que seria não uma opção, "mas
uma imposição sexual".
Para Carvalho, "essas teorias
que trabalham com a homossexualidade como problema genético são teorias fascistas".
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