No céu de junho, o Sol transita por Câncer, a Lua cresce em Sagitário e Mercúrio está em oposição a Netuno. Enquanto isso, aqui na Terra, a humanidade acredita muito mais na ilusão dos pretensos desastres que se avizinham do que na possibilidade de aprender a viver muito melhor do que antes, como decorrência de todas as adversidades que experimenta. A vontade de que o mundo acabe é um gozo pervertido, um abandonar-se à melancólica idéia de que é melhor render-se ao apocalipse do que continuar se esforçando para que a vida se pareça com os sonhos que de criança foram cultivados e que na vida adulta foram abandonados. O apocalipse, se acontecer, será produto da opinião pública, e não um mandato dos deuses. Assim como a opinião pública determinou, contrariando a matemática, de que o terceiro milênio começará neste próximo réveillon e não na passagem do ano 2000 para 2001, ela também tem força suficiente para determinar que os próximos meses sejam um verdadeiro desastre. Os deuses amam a humanidade e não tem desejo de vê-la sofrer. Mas a humanidade não ama nem os deuses, nem a si mesma, e se compraz no covarde desejo de ver explodir o maravilhoso mundo que não compreende.

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