São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

+ poema

Virá a Morte e Terá Teus Olhos

Virá a morte e terá teus olhos -
esta morte que nos escolta
de manhã e de noite, insone,
surda, como um velho remorso
ou um vício absurdo. Teus olhos
serão uma inútil palavra,
um grito calado, um silêncio.
Assim te surgem nas manhãs
quando em ti te dobras, sozinha,
no espelho. Ó, cara esperança,
nesse dia então saberemos
que és a vida e és o nada.

A todos a morte contempla.
Virá a morte e terá teus olhos.
Será como o corte de um vício,
como ver ressurgir aos poucos
no espelho um semblante morto,
como ouvir um lábio cerrado.
Desceremos mudos no abismo.


Tradução de Maurício Santana Dias


Texto Anterior: + literatura - Maurício Santana Dias: Um autor distante de si mesmo
Próximo Texto: José Simão: O Pleito Caído! A volta da Galera Medonha!
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.