São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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TRECHO

"Fiz o café à moda antiga, com o pó fervido na caneca e o tradicional coador de pano esperando no bule escaldado. Ele recebeu a xícara com entusiasmo.
- Acho melhor guardarmos uma certa distância do Bentinho e dessa Capitu, ele advertiu muito sério. Houve traição? Não houve traição? A gente não vai tomar partido, quero dizer, não assim de modo que transpareça no roteiro, não somos juízes.
Fui buscar um cinzeiro e sentei-me ao seu lado.
- Que coisa extraordinária, Paulo, eu estava pensando justamente no Bentinho. Como adivinhou?
- Ah, pela sua expressão, ele disse e sorriu com malícia. Há pouco você me olhou com aquela mesma cara interrogativa do Bentinho, acho que vou começar a te chamar de Kuko-Bentinho. Achei uma certa graça (não muita) no novo apelido acoplado ao primeiro e até aí nenhuma novidade, eu estava mesmo do lado do Bentinho, ele teria se encarnado em mim? No fundo, aquela velha história de ficção (quando assim tão forte) começar a se emaranhar na vida real num emaranhado que podia ser excitante, até divertido. Mas nesse caso, bastante perigoso, tantas dúvidas!"



Extraído de "Rua Sabará, 400", do livro "Invenção e Memória"




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