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Espiritismo atraiu escritor
especial para a Folha
O aspecto é pouco conhecido na
vida de Lobato, e mesmo as biografias não se detêm nele. Contudo, na década de 40 o escritor incursionou pelos caminhos do espiritismo. O interesse surgiu após
a morte dos filhos Guilherme e
Edgard, ambos por tuberculose,
respectivamente em 1938 e 1943.
Abalado, Lobato passou a promover experiências metapsíquicas, ou seja, "comunicação com
almas dos mortos". Sua mulher,
Purezinha, funcionava muitas vezes como médium, e o método escolhido era o do copo que indica
letras segundo o manejo dos participantes da sessão.
Lobato detalhava as experiências
em "atas", e 49 desses documentos foram publicados pela Ed. Nova Luz em "Monteiro Lobato e o
Espiritismo". A compilação é de
Maria José Sette Ribas, iniciadora
de Lobato no assunto, à qual o escritor confiou atas datadas de dezembro de 43 a março de 47.
O livro espírita traz, ainda, um
"prefácio póstumo de Lobato,
psicografado" (1971), com chistes
ao estilo do escritor: "(...) Ao
pousar em Pedro Leopoldo, desanimei... Estavam a rodear o Chico
Xavier mais de 200 espíritos,
aguardando a oportunidade de
usar-lhe a mão!". O trecho repete
termos da última carta de Lobato
ao amigo Godofredo Rangel, em
junho de 48, na qual diz que, após
sua morte pressentida, procuraria
o famoso médium para "remover
as dúvidas" dos entes queridos.
Porém, nem o prefácio nem as
centenas de outras "comunicações póstumas" surgidas mencionaram frase comunicada por Lobato a sua mulher e a Rangel, especialmente com o fito de autenticar sua identidade nessas circunstâncias. A frase, espécie de senha
de segurança, é guardada em cofre
até hoje pelos herdeiros de Lobato
e de Rangel, mas jamais foi citada
em qualquer "comunicação".
Lobato é tema de ópera
Lobato se transforma em ópera
no dia 4 de setembro, em São Paulo. "A Redenção pelo Sonho"
cantará as venturas e desventuras
do polemista, empresário e escritor. Libreto e música são do compositor carioca Tim Rescala.
A montagem deve ocupar por
duas semanas o palco do teatro
Sesc Ipiranga. A direção é de
Naum Alves de Souza, com a participação de sete músicos, cinco
cantores e um ator bonequeiro.
Pontos de partida para o argumento foram a biografia "Furacão na Botocúndia" e o estudo
"Os Filhos de Lobato", de José
Roberto Whitaker Penteado.
Rescala imaginou para a ópera
uma "última carta" de Lobato a
Rangel, na qual o primeiro relata
seu desânimo com o insucesso de
muitos de seus empreendimentos.
Figuras da vida real ou personagens de seus livros aparecem então para convencê-lo do contrário. A música inclui elementos de
serialismo, atonalismo e minimalismo. (AM)
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