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A REGRA DO JOGO
PARA JOHN BATTELLE, CO-FUNDADOR DA
"WIRED", GOOGLE PODE TER IMAGEM ARRANHADA
DA REDAÇÃO
Contrário à idéia de demonização ou endeusamento do
Google, o professor de comunicação da Universidade
da Califórnia em Berkeley John Battelle diz que o site de busca apenas
aceitou as regras do jogo mercadológico ao concordar com as restrições
de conteúdo impostas pelo governo
chinês. Para ele, isso não compromete totalmente a idéia de liberdade
de expressão pela internet.
Segundo Battelle, que é autor de
"The Search - How Google and Its
Rivals Rewrote the Rules of Business
and Transformed Our Culture" (A
Procura - Como o Google e Seus
Concorrentes Reescreveram as Regras dos Negócios e Mudaram Nossa Cultura", ed. Portfolio) e co-fundador da revista "Wired", o Google
não é moralmente pior nem melhor
de que empresas como Yahoo! e Microsoft, e não tem planos malignos
de remodelar a cultura do planeta.
Pergunta - O fato de o Google ter
aceito as restrições de conteúdo exigidas pelo governo chinês limitam a
idéia de liberdade na internet?
John Battelle - Foi sem dúvida uma
decisão muito difícil para o Google,
mas foi inevitável e com certeza deve
ter desapontado muita gente que esperava que a empresa agisse de forma diferente. O Google agiu como
qualquer outra empresa que quer
trabalhar na China e aceitou jogar
pelas regras do país, o que não compromete seu o projeto, mas pode ter
um efeito negativo em sua imagem.
Foi uma decisão de mercado. Mas
não acho que tenha sido uma decisão errada ou que vá comprometer
totalmente a liberdade de expressão
ou mesmo a liberdade de circulação
de informações na internet.
Pergunta - O senhor acha que deveríamos ter medo do Google?
Battelle - Devemos sempre desconfiar quando permitimos que
uma empresa tenha acesso a detalhes de nossa vida privada. Nesse caso, é o que nós fazemos ao realizar
buscas na internet, ao utilizar o correio eletrônico e todas as outras aplicações oferecidas pelo Google. Dito
isso, ele não é pior nem melhor do
que o Yahoo! ou a Microsoft.
Quanto às empresas tradicionais,
como editoras ou operadoras telefônicas, a intrusão do Google em seu
mercado as obriga a rever sua forma
de trabalhar. Elas têm boas razões
para temê-lo mas também podem
trabalhar com ele e achar novas formas de obter retorno do mercado.
Pergunta - É saudável que uma empresa construa um monopólio de pesquisa e inovação na internet?
Battelle - Ela é simplesmente a primeira a fazer o que faz. Graças a
Deus não tem nada a ver com a Microsoft dos tempos da dominação
do Windows. No futuro, o Google
oferecerá tudo o que a informática
permite oferecer em escala mundial.
Mas a inovação vai se concentrar no
que permite adicionar conteúdo a
seu índice, pois isso permitirá aumentar sua publicidade.
Pergunta - O Google tem um objetivo preciso?
Battelle - Tenho certeza de que o
Google tem "planos", como todas as
empresas. Mas não acho que impor
uma dominação anglófona faça parte desses planos. Os que dirigem a
empresa não tiveram cuidado ao
cuidar dos aspectos jurídicos -dos
direitos autorais, especialmente- e
acreditaram estar em seu direito ao
decidirem recolher informações de
outros sites (Google News) ou com a
digitalização de livros (Google
Print). O que interessa ao Google é
alcançar e realizar tudo o que é tecnicamente possível. Isso é típico das
empresas dirigidas por engenheiros.
Com o "Le Monde".
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