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A MÁQUINA UNIVERSAL
ALGORITMO SECRETO É PRINCIPAL TRUNFO DO GOOGLE PARA CONQUISTAR O MUNDO
STÉPHANE FOUCART
Seis letras em cores simples,
uma página despojada, quase
branca, um formulário de
pesquisa. Para a maioria dos
internautas, essa simplicidade não
engana. Sugere que o Google pouco
evoluiu desde 1998, quando foi criada por Sergey Brin e Larry Page, dois
matemáticos da Universidade Stanford (EUA).
Por trás do aparente despojamento escondem-se um poder de cálculo
fenomenal, uma capacidade de inovar e uma criatividade que preocupam todos os setores econômicos
que têm uma parte de sua atividade
desmaterializada. A ambição do
Google, que acaba de entrar no capital da AOL Time Warner com 5%, é
"simplesmente" tornar-se uma máquina universal.
Seu principal segredo é seu algoritmo, PageRank, que classifica os 8 bilhões ou 9 bilhões de páginas da web
indexadas por sua máquina em razão de diversos parâmetros -freqüência de atualização, popularidade etc. Se os detalhes dessa fórmula
matemática permanecem ocultos,
suas linhas maiores e seus princípios
são conhecidos de longa data. Desde
2003, quando houve um crescimento extraordinário da potência da
máquina, o verdadeiro segredo do
Google é outro: não se trata mais
tanto da eficácia desse ou daquele algoritmo quanto de seu prodigioso
poder de cálculo, de processamento
e armazenamento da informação.
Para não assustar divulgando cifras colossais, o Google não comunica sua capacidade de cálculo. Os últimos números publicados datam de
aproximadamente dois anos e mencionam a existência de mais de 10
mil servidores. Ou seja... Não muitos; mas a verdadeira capacidade da
empresa alimenta todas as especulações. Em janeiro, o analista Charles
Ferguson, da "Technology Review",
sugeriu o número de 250 mil servidores utilizados no mundo inteiro.
Stephen Arnold, consultor independente e autor de "The Google Legacy" (O Legado do Google, ed. Infonortics), estima que a empresa
"dispõe de 30 centros de processamento de dados no mundo, cuja localização é mantida em segredo por
motivos de segurança, e cada um deles é constituído por cerca de 10 mil
servidores".
Isso não é tudo. "Uma das principais atividades do Google hoje é
comprar fibra ótica no mundo inteiro, para interconectar seus "data centers'", acrescenta Howard Rheingold, autor de "Smart Mobs" (Multidões Inteligentes). Arnold confirma
essa vontade de interligar a rede de
"data centers" e explica que hoje só
uma parte ínfima dessa banda de
transmissão disponível é utilizada.
Por que tanto esforço? Porque o
Google deixou, "sem dúvida no final
de 2003", segundo Arnold, de ser
uma máquina de buscas. Faltam palavras para definir sua verdadeira
natureza. "O Google tornou-se uma
plataforma de aplicativos."
Pura ficção? Em San Francisco, o
Google já está na frente do Wi-Fi
gratuito (acesso sem fio à internet),
oficialmente em caráter experimental. Quanto à transmissão de voz pela internet, o negócio está em andamento com o Google Talk. Isso tudo
no lado tecnológico.
A arma econômica, por sua vez, é
conhecida: trata-se da gratuidade, financiada pela publicidade dirigida.
Os estrategistas de Mountain View
pensam com dez passos de antecipação. Mas o futuro da companhia não
está decidido. As evoluções do Google são criadas em razão do comportamento dos internautas.
Mas o Google não está livre de um
grande bug. No tempo que seria necessário para consertá-lo, o Yahoo!,
o MSN ou outros poderiam assumir
a liderança.
Este texto foi publicado no "Le Monde".
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.
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