São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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45 anos

LEDUSHA
Foi preciso boiar no dilúvio para atear fogo às vestes. Foi preciso certa flacidez nos músculos para mandar as tiraniazinhas às favas. Foi preciso tomar meu rumo calculando a distância da teoria à prática na curva. A vida em carne viva uivando nos tímpanos, eco seco de galhos retorcidos, praia invernal, risos de criança, perfume que ainda se debate no ar incrédulo das madrugadas lisas. Foi preciso deixar o hábito às ervas nos jardins desordenados da palavra, para colher os verbos que destilam ácido sentido. Do fundo sentimento percorrer a sinuosa arquitetura. Foi preciso dar nome aos cães e às larvas pra desfrutar o que me parecia imperecível.



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