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45 anos
LEDUSHA
Foi preciso boiar no dilúvio para atear fogo às vestes.
Foi preciso certa flacidez nos
músculos para mandar as tiraniazinhas às favas. Foi preciso tomar meu rumo calculando a distância da teoria à
prática na curva. A vida em
carne viva uivando nos tímpanos, eco seco de galhos retorcidos, praia invernal, risos de criança, perfume que
ainda se debate no ar incrédulo das madrugadas lisas.
Foi preciso deixar o hábito às
ervas nos jardins desordenados da palavra, para colher
os verbos que destilam ácido
sentido. Do fundo sentimento percorrer a sinuosa arquitetura. Foi preciso dar nome
aos cães e às larvas pra desfrutar o que me parecia imperecível.
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