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PERDA DE IDENTIDADE É A MAIOR AMEAÇA
DE LONDRES
Para o diretor da área de serviços de segurança da Symantec, Jeff Ogden, a tendência é
que o número de crimes pela
internet cresça. "A velocidade do
ataque está fazendo a capacidade de
defesa cada vez mais e mais difícil. E
há muita exploração das "fraquezas"
humanas", ele diz. "Há uma população enorme de pessoas lá fora que
serão pegas."
A mesma tecnologia que protege
empresas de ataques externos pode
servir para diminuir a privacidade
dos usuários. Sua empresa, afirma
Ogden, é capaz de vigiar e controlar
o uso da internet por funcionários
de seus clientes. Leia a seguir, trechos da entrevista.
(EF)
Folha - Qual é o potencial de perigo
da internet hoje?
Jeff Ogden - No passado, um vírus
surgia e levaria meses e meses, até
mais de um ano, para ter impacto
sobre a rede de um cliente. Hoje, eles
levam minutos ou segundos, por
causa da forma como a internet é conectada. Alguns anos atrás, chegamos a uma situação em que todos os
sistemas velhos construídos não tinham mais a capacidade de responder mais rapidamente do que o vírus
que os estava atacando.
Folha - A tecnologia sempre vem
atrás das novas ameaças?
Ogden - Em geral, sim. Nós reagimos à medida que novas ameaças
vão surgindo. Mas, às vezes, analisando tendências e dados históricos,
conseguimos ver algo que está por
vir e nos antecipar.
Folha - Além de proteger as empresas de perigos externos, vocês podem
monitorar também determinadas atividades dos funcionários? Ver se estão, por exemplo, acessando conteúdo na internet que a empresa proíba?
Ogden - Sim. Depende de qual é a
política da empresa, se a empresa
quer verificar o que fazem seus empregados ou não. Se a empresa quiser, por exemplo, saber se tem alguém saindo do "firewall" (mecanismo instalado numa rede para
protegê-la) e fazendo algo na internet, podemos informá-la desse tipo
de coisa.
Folha - Vocês podem, a pedido da
empresa, monitorar e-mails?
Ogden - Não temos permissão, por
conta de leis de privacidade de informações vigentes na Europa e outras
partes do mundo, para olhar o conteúdo de e-mails. O que podemos fazer é dar essa informação de volta
para o cliente, e ele a usa da forma
como quiser. Outra coisa que podemos fazer é impedir que você envie
e-mails com determinadas frases ou
palavras.
Recentemente, tivemos um caso
do principal executivo de uma empresa que tinha feito um rascunho
de uma apresentação e, como ele
não sabia os números do retorno financeiro que tinha de colocar na
mesma, escreveu vários x no lugar.
Essa apresentação não saiu pelo sistema de e-mail porque tinha xxx,
que é um site pornográfico restrito.
Por causa dos termos que ele usou
na apresentação, aquela informação
foi bloqueada e não pôde sair.
Folha - O que tem mudado em termos de tendências de ameaça na internet?
Ogden - Estamos vendo tipos diferentes de ameaças que estão indo e
vindo. O spam continua sendo uma
ameaça, embora, vagarosamente,
estejamos conseguindo controlá-lo.
Seis meses atrás, "botnets" eram um
grande assunto. Mas o número de
máquinas infectadas começa a cair.
Folha - Qual é o grande risco hoje?
Ogden - Acho que a grande coisa
que estamos vendo é que a motivação vem mudando. A grande tendência que vemos são formas de
roubo de identidade pessoal e o fato
de que você está tentando roubar informação pessoal do computador
das pessoas. "Phishing", por exemplo, é uma grande área nova.
Uma das coisas interessantes é
que, na verdade, perder os detalhes
do seu cartão de crédito é menos importante, hoje em dia, do que perder
sua identidade. Porque, se você perdeu seu cartão de crédito e tem um
limite de, digamos, 3.000 libras [R$
13,3 mil], pode ser que perca as 3.000
libras, mas o banco vai impedir que
você perca mais que isso, pois atingiu seu limite. Perder sua identidade, por outro lado, pode trazer prejuízo ilimitado. Se você pode roubar
identidades, pode roubar dinheiro.
Folha - As ameaças que existem hoje
tendem a continuar ocorrendo?
Ogden - Esse tipo de tecnologia
continuará a ser usado, mirando organizações particulares e fraudes específicas. A velocidade do ataque está fazendo a capacidade de defesa
cada vez mais e mais difícil. E há
muita exploração das "fraquezas"
humanas. Portanto, engenharia social e roubo de identidade também
tendem a continuar crescendo. Há
uma população enorme de pessoas
lá fora que serão pegas.
Folha - É impossível derrotar o
"mal" da internet, então?
Ogden - Acho que os ataques por
códigos maliciosos na internet continuarão existindo; portanto, os crimes na rede também. É como o crime nas ruas de uma grande cidade.
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