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ARISTOCRATA FEZ CARREIRA POLÍTICA
DA REDAÇÃO
A família de Alexis de Tocqueville (1805-1859) tinha
raízes na aristocracia -seu
pai era conde- e já adolescente ele sonhava em viajar à Inglaterra. Estudou a história comparada
anglo-francesa e desde cedo preparou-se para a vida política.
A Revolução Francesa marcou sua
família. Seus pais, assim como outros parentes, foram presos em 1793.
Seu bisavô por parte de pai, um aristocrata liberal, foi morto na guilhotina. Tocqueville assistiu à restauração da monarquia com Luís 18
(1815) e, depois, com Carlos 10º, a
quem seu pai serviu.
Os acontecimentos de 1830, com a
deposição dos Bourbons do trono,
influenciaram o autor. Os antigos laços de sua família com os Bourbons
tornaram-se um problema. Foi nesse momento político desfavorável
que ele e seu amigo Gustave Beaumont (com quem manteria uma relação intelectual e pessoal forte até o
final da vida) pediram e receberam
permissão para estudar as instituições penitenciárias americanas.
Os dois desembarcam nos EUA
em 9 de maio de 1831 e iniciam uma
viagem por 17 dos 24 Estados do país
à época, além do território do Wisconsin, num percurso a pé, de carroça, a cavalo e de barco a vapor.
A viagem durou nove meses, terminando em 1832. Gerou o livro
"Du Système Pénitentaire aux États-Unis et de Son Application en France" (Do Sistema Penitenciário nos
EUA e sua Aplicação na França, de
1833), escrito em conjunto com
Beaumont. No livro, ele vê o crime
como a ruptura dramática do frágil
consenso que deveria fundar as sociedades democráticas. A punição
seria a forma de restabelecê-lo. Para
Tocqueville, a sociedade francesa e
latina, ao contrário, tendia a transformar o criminoso em "herói".
A pesquisa na verdade escondia
intenções mais ambiciosas. Nas próprias palavras de Tocqueville, em
carta a seu amigo Kergorlay, "o sistema penitenciário era um pretexto".
O francês dizia que usou o estudo
"como um passaporte que permite
penetrar em todos os lugares dos Estados Unidos".
A partir das observações, leituras e
discussões com autoridades e personalidades do país, Tocqueville publicou em 1835 a primeira parte de "A
Democracia na América", um estudo sobre as instituições políticas do
país. A obra foi considerada "o livro
do ano" na França e o tornou famoso. O dinheiro e os prêmios que gerou permitiram que reformasse seu
castelo na Normandia.
Em 1836, casou-se com a inglesa
Mary Mottely. Em 1837, concorreu
sem sucesso à Assembléia Nacional.
Mas foi eleito em 1839, mantendo
uma carreira legislativa estável desde
então. Em 1840, lançou o segundo
volume de "A Democracia na América", descrevendo a democracia
norte-americana não apenas como
um regime político, mas como um
estado social caracterizado por costumes, um estilo de pensamento, hábitos e uma forma das pessoas se relacionarem consigo e com os outros,
que ele chamou de "individualismo". Este segundo volume já não teve a mesma acolhida do primeiro,
apesar dos elogios de economistas e
filósofos como John Stuart Mill
(1806-1873).
A partir da Revolução de 1848, aumentou sua influência política e foi
eleito como um conservador republicano para a Assembléia Constituinte que se instalava. Entre junho e
outubro de 1849 foi ministro das Relações Exteriores. Na curta passagem pelo cargo, procurou evitar a
intervenção francesa fora do país e
manter o equilíbrio de poder na Europa.
Em 1850, quando já começa a sofrer de tuberculose, começou a redigir "O Antigo Regime e a Revolução", que publicaria em 1856. Escreveria ainda "Lembranças de 1848",
publicado postumamente em 1893.
Em 2 de dezembro de 1851, se opôs a
um golpe de Estado e perdeu os direitos políticos. Encerrou sua vida
política nesse ano. Morreu em 1859,
em Cannes.
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