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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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ESCLARECIMENTO

Durante a Segunda Guerra, Adorno e Horkheimer escrevem juntos "Dialética do Esclarecimento". Trata-se de uma inflexão na "teoria crítica", formulada nos anos 30 como apelo a uma práxis orientada por um interesse racional. Critica-se, então, a expectativa anterior de superar a ordem social injusta por meio de uma progressiva racionalização. A implantação de variantes de economia planificada na União Soviética, na Alemanha e nos Estados Unidos coloca uma nova questão: "Por que a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano, está se afundando em uma nova espécie de barbárie"?.
Adorno e Horkheimer avaliam a "Aufklärung" (esclarecimento) na contramão do tronco central da filosofia alemã Kant, Schiller, Hegel , que a concebia como um processo emancipador. Aprofundam sua dialética, "o mito já é esclarecimento e o esclarecimento acaba por reverter à mitologia", já pressentida em Schiller, Marx, Nietzsche e Freud.
"Aufklärung" designa assim sobretudo a dominação social da natureza. Reconstitui-se uma "pré-história" da reificação para explicar por que a mesma lógica da razão abstrata preside, simultaneamente, a ordem econômica (o mundo das trocas), as formas de dominação (a legitimação política) e a esfera do conhecimento (a ciência). Contra isso, propõe-se a reflexão sobre o elemento destrutivo do progresso, em um enfoque que objetiva não a "conservação, mas resgatar a esperança do passado".
(RICARDO MUSSE)


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