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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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DIALÉTICA NEGATIVA

"Dialética Negativa" (1966) mescla o exame de pressupostos metodológicos com a análise do presente histórico. Trata-se ao mesmo tempo do ápice e da certidão de óbito do marxismo ocidental. A crítica da filosofia tradicional efetiva-se pela ampliação do conceito de "filosofia", procedimento típico dessa linhagem. Afasta-se desse movimento, porém, ao se insurgir contra a primazia do método, tentando proceder "metodicamente sem método", e principalmente ao considerar que a conversão do capitalismo em "mundo administrado" não permite mais conceber a sociedade, a totalidade, como um sujeito unitário.
Em sentido estrito, dialética negativa designa a autoconsciência do cativeiro categorial da subjetividade, a crítica da deformação dos indivíduos pelo cativeiro social moldado pelo aparato da autoconservação. A reflexão "especulativa", o trajeto pelos "desertos gelados da abstração", preservando a negatividade ante o existente, limpa o terreno para um "pensamento de conteúdos". A metacrítica da teoria do conhecimento torna-se assim crítica da sociedade. Um segundo giro copernicano, a passagem para o materialismo, pensa a dialética como uma forma de expressar conceitualmente o não-idêntico, em ruptura com a filosofia da identidade que Adorno detecta tanto no par antitético "positivismo-idealismo", como na pretensão em assentar a dialética nas ciências naturais (Engels), ou na ação revolucionária do proletariado (o jovem Lukács).

(RICARDO MUSSE)


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