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Dinheiro chinês chega via paraísos fiscais

Luxemburgo e Ilhas Cayman são exemplos de locais de procedência dos investimentos feitos no Brasil pela China

As áreas de petróleo e gás, bens de capital, automobilística e eletroeletrônica devem ser os alvos em 2012

DE SÃO PAULO

Contabilizar os investimentos chineses que entram no Brasil é tarefa complexa. Boa parte do dinheiro não entra via China ou Hong Kong, mas de paraísos fiscais como Luxemburgo e Ilhas Cayman.

O maior investimento realizado pelos chineses até agora -a compra de 40% do capital da Repsol pela chinesa Sinopec, por US$ 7,109 bilhões, em novembro de 2010- entrou no país por Luxemburgo (e assim apareceu nas contas do Banco Central).

Segundo dados do BC, ao longo de 2010, entraram no país US$ 395 milhões em investimentos chineses e US$ 83 milhões vindos de Hong Kong.

Nos primeiros dez meses deste ano, foram US$ 161 milhões, somente 0,3% do total investido no Brasil no período, mas US$ 2,073 bilhões vindos de Hong Kong (3,6% do total). Em 2009, foram US$ 34 milhões de Hong Kong e US$ 83 milhões da China.

Esses dados não levam em conta recursos que fizeram escala em paraísos fiscais.

No entanto, mesmo se for considerado esse dinheiro que entrou indiretamente, a China continua sendo uma fonte de investimento menos importante do que países muito menores, como França, Reino Unido e Espanha, segundo a Sobeet.

Contabilizar o que sai da China também é um método inexato, porque entre 25% e 50% dos recursos vão só para Hong Kong, diz André Soares, coordenador de pesquisa do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China).

O CEBC classifica o anúncio da taiwanesa Foxconn como investimento chinês -embora a empresa seja sediada em Taiwan, praticamente toda a sua operação é no sul da China, diz Soares.

PERFIL

Neste ano, o investimento chinês no Brasil mudou de perfil, afirma Alexandre Comin, diretor do Departamento de Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento.

Segundo o levantamento mais recente do ministério, o investimento em 2010 era focado em aquisições de empresas brasileiras e voltado para a área de extração de recursos naturais.

Neste ano, há mais investimentos "greenfield" (iniciados do zero, sem aquisições de outras unidades) e em manufatura.

Para Comin, a área de petróleo e gás, que neste ano absorveu 33,2% dos investimentos, vai receber cada vez mais capital chinês.

Bens de capital (máquinas), indústria automobilística e eletroeletrônicos são os outros alvos do dinheiro chinês no ano que vem, prevê Comin. (PATRÍCIA CAMPOS MELLO e GUSTAVO HENNEMANN)

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