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35% preferem consumir a poupar mais

Percentual, praticamente o mesmo em todas as classes sociais brasileiras, é considerado alto por especialistas

Intenção de investir é maior entre os que têm família e são "planejadores"; mais jovens poupam menos

DE SÃO PAULO

Casada e com duas filhas, Karen Cristina Pires, 34, auxiliar administrativa em um hospital público de São Paulo, tem o desejo de poupar uma parte da renda familiar de R$ 2.000 por mês.

Mas, com todos os compromissos que possui, incluindo o financiamento do imóvel de 50 m² na zona leste da capital paulista, considera "impossível" poupar no momento.

"Não dá para guardar nada ainda. Quem sabe no ano que vem, quando tivermos quitado o empréstimo no banco", diz.

Esse crédito, de R$ 5.000 para serem pagos em três anos, foi tomado para complementar o valor necessário à compra do imóvel.

"O desejo de poupança, mesmo que exista, nem sempre se torna realidade", diz Luciana Aguiar, diretora-executiva da consultoria Plano CDE. "Para poupar, é preciso ter planejamento. O brasileiro não é poupador."

De acordo com estudo da consultoria, 35% dos consumidores afirmaram que, sempre que têm uma folga no orçamento, preferem consumir mais, enquanto 65% optam por guardar o dinheiro.

Essa proporção é praticamente a mesma em todas as classes sociais.

"A parcela dos que preferem consumir a poupar é bastante elevada", diz Aguiar.

FAMÍLIA

O levantamento mostra ainda que a preferência por poupar é declarada com mais frequência (78%) pelos que têm família e se consideram "planejadores".

Mas ter família não é o fator determinante na decisão de gastar ou guardar.

O segundo grupo com maior propensão a poupar (69,4%) é o de "planejadores individualistas" -que se programam financeiramente, mas não possuem família. Os "imediatistas ligados à família" ficam com o terceiro lugar nesse quesito (51,8%).

Em quarto e último lugar (36,4%), aparecem os "imediatistas individualistas" -que não planejam nem são ligados à família.

DECISÃO INDIVIDUAL

"A decisão de organizar as finanças é individual e demanda disciplina e sacrifício, como em uma dieta para emagrecer", diz Valter Police, planejador financeiro.

"Ter família pode ajudar no processo de conscientização de quem é mais impulsivo nos gastos, para que essa pessoa altere os hábitos. Mas a determinação para mudar é dela", completa o executivo.

Karen Cristina começou a se planejar financeiramente há alguns meses. A decisão foi tomada depois de um susto com o recebimento do salário -que não caiu na conta corretamente.

"O problema está sendo resolvido, mas percebi que precisamos ter uma reserva. Cortei três cartões de crédito para evitar despesas desnecessárias. Fiquei só com um, para emergências", diz.

"Tenho vontade de ter um carro, mas isso ainda leva dois ou três anos. Há outras prioridades antes, como pagar minhas dívidas e arrumar a mobília do apartamento."

(CAROLINA MATOS)

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