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Norma rígida para a imigração desaquece a indústria do curry

Governo do Reino Unido dificulta entrada de cozinheiros de fora da União Europeia

HELEN WARRELL
DO “FINANCIAL TIMES”

Numa noite fria, no Battersea Park (Londres), 1.500 pessoas celebraram o curry britânico. A festa anual do British Curry Awards foi a prova de que o curry -indiano, paquistanês ou bengali- deixou de ser a comida das madrugadas pós-cerveja e galgou o estrelato gastronômico.

Mas, para Ebam Ali, o criador do prêmio há seis anos, a indústria britânica do curry, que gira 3,6 bilhões de libras ao ano, está sob ameaça. A culpa é de mudanças na lei de imigração que tornaram mais difícil trazer para o Reino Unido cozinheiros de fora da UE (União Europeia).

A decisão da Secretaria do Interior de só permitir que 5% dos chefs em atividade no país provenham de fora da UE inviabiliza até estadias curtas para chefs indianos.

Keith Vaz, representante parlamentar de Leicester East, diz que "a política de imigração do governo significa que o número de chefs disponíveis caiu a zero".

O setor argumenta que, mesmo que haja treinamento para os aspirantes a esses postos, os imigrantes asiáticos de segunda e terceira geração relutam cada vez mais em seguir seus pais.

Martin Ruhs, diretor do Observatório de Migração, de Oxford, aponta obstáculos no emprego de não asiáticos nos restaurantes de curry.

"Proprietários de restaurantes dizem que a escassez não poderá ser compensada pela contratação de trabalhadores da Europa Oriental porque eles não têm a capacitação para preparar alimentos assim especializados", diz.

Ali é um desses proprietários. "As pessoas da Polônia não conhecem páprica. E a barreira do idioma também existe para os chefes de cozinha britânicos. Cozinhas de curry não funcionam em inglês; em sua maioria, o pessoal fala bengali ou urdu."

A solução, diz Vaz, é um visto de quatro anos para chefes de cozinha, que daria aos mestres do curry asiático ingresso no país por prazo definido, mas sem residência permanente.

É pouco provável, porém, que a ideia seja aceita por um governo que pretende reduzir a entrada anual de imigrantes de 250 mil para menos de 100 mil, nos próximos quatro anos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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