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Análise

Após ano de ressaca da Bolsa, 2012 deve ter mais do mesmo

MAURO HALFELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foi um ano difícil para as ações. O Ibovespa, índice que representa uma média do comportamento do mercado, abriu 2011 com otimismo, a quase 72 mil pontos em meados de janeiro.

Poucas semanas depois, foi ladeira abaixo, atingindo o mínimo de 48.700 pontos no início do mês de agosto. Recuperou-se bem em outubro, mas fechou o ano com 56.754 pontos, uma perda acumulada de 18,11%.

O pior é que ainda é cedo para dizer que as ações estejam baratas. O mercado brasileiro vive a ressaca da maior festa de sua história.

Em outubro de 2002, às vésperas da eleição de Lula, o Ibovespa marcava apenas 8.400 pontos. Subiu quase 9 vezes em reais e mais de 20 vezes em dólares de lá até o início de 2011.

Um consolo: depois dessa alta, não dá para reclamar de uma queda de 18,11% como a de 2011. Pelo menos assim deveriam pensar os investidores de longo prazo.

O que esperar das ações para 2012? Aposto que teremos mais do mesmo. Uma sangria no mercado da Europa e uma lenta recuperação nos EUA devem impedir ganhos espetaculares.

Por outro lado, não acredito em grandes perdas, já que os juros no primeiro mundo estão extremamente baixos.

Com juros baixos, deixam de existir refúgios confortáveis e, consequentemente, o apetite por riscos aumenta.

Nesse cenário, os investidores devem manter ações em parte de seu patrimônio e mãos firmes para não vender diante da primeira manchete assustadora nos jornais.

DÓLAR E IMÓVEIS

Quem investiu em dólares ganhou 12,18% em relação ao real. Nada mau para esse "cavalo azarão" que, de tempos em tempos, dispara e recebe o troféu de campeão.

É óbvio que a taxa de câmbio está errada. Um dia o equilíbrio vai voltar e o dólar vai subir diante do real. Mas ganha um doce quem adivinhar o momento da virada.

Bem na foto ficaram os investidores em imóveis. Mas é preciso ter cuidado na hora da comemoração porque esse mercado é heterogêneo.

Há regiões onde a velocidade das vendas diminuiu muito e, na maioria delas, o rendimento percentual do aluguel em relação ao preço está inferior a 0,5% ao mês.

São sinais de que, em breve, a fase de ganhos exagerados vai ser página virada.

Acredito que ainda valha a pena ler os classificados de imóveis, desde seja com lupa, porque as oportunidades são cada vez mais raras.

MAURO HALFELD, professor e analista de investimentos, é doutor em administração pela USP e tem pós-doutorado em finanças pelo MIT

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