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Análise/Soja

Seca na América do Sul é oportunidade para venda

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

COM AJUDA DO CLIMA, EM 2011 O BRASIL BATEU O RECORDE MUNDIAL DE PRODUTIVIDADE

O atual rali climático da América do Sul é uma grande oportunidade para o produtor de soja dar andamento à comercialização.

É uma chance para fugir da tradicional pressão da colheita, entre março e abril, e poder esperar a safra dos EUA, que no ciclo 2012/13 tendem a dar, mais uma vez, preferência ao milho.

As diferenças de cenários de produção e preços e, por consequência, de rentabilidade para o produtor de soja entre 2011 e 2012 continuam se evidenciando, especialmente no Sul do país.

Pelo lado da produção, as chuvas bem distribuídas registradas um ano atrás começavam a revelar o grande potencial das lavouras brasileiras na safra 2010/11, após dificuldades enfrentadas no plantio, quando as precipitações demoraram a chegar.

Com ajuda do clima, em 2011 o Brasil bateu o recorde mundial de produtividade, com média de 51,9 sacas de 60 kg por hectare.

Agora, a situação é inversa. Com investimento elevado em tecnologia depois de um ano de renda alta, os produtores tiveram plantio acelerado, chuvas bem distribuídas e temperaturas abaixo da média, o que resultou em excelente desenvolvimento inicial para as lavouras.

Desde o início de dezembro, porém, a estiagem reforçada pelo fenômeno La Niña já comprometeu o potencial produtivo de parte da região Sul e de Mato Grosso do Sul.

Um ano atrás, as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago rondavam US$ 14 por bushel (27,2 kg). Hoje, estão cerca de US$ 2 mais baixas.

Na safra passada, os produtores do norte do Paraná chegaram a obter rentabilidade superior a R$ 1.000 por hectare sobre o custo operacional de produção.

Para a nova safra, o cenário é de ainda razoáveis R$ 800, mas com tendência de queda à medida que se aproxima a colheita.

Os fundamentos de oferta e demanda mostram sinais contraditórios. De um lado, o potencial produtivo da América do Sul (também há perdas no Paraguai e na Argentina) se deteriora devido ao clima. De outro, o ritmo das importações chinesas permanece inferior ao de um ano.

As projeções eram de que o continente que mais produz soja no mundo colhesse 138 milhões de toneladas. Isso faria com que a relação entre estoques e consumo mundiais permanecesse na faixa de 25%, nível tranquilo. Agora, porém, a tendência é de que os estoques caiam.

Todavia, o ritmo das importações chinesas nos EUA segue lento. Isso faz com que os preços em Chicago não consigam se manter acima de US$ 12,50 por muito tempo.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

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