Cooperativa do Paraná mira Norte do país

Dona de um complexo de quatro indústrias e rodeada por mansões, a cooperativa paranaense Agrária comemora 60 anos neste mês com faturamento bilionário e planos de expansão ao Norte.

Maior produtora nacional de malte, fornecido às grandes cervejarias, a Agrária também tem unidades de processamento de soja, trigo e rações. Mas diz estar preocupada em garantir o faturamento às próximas gerações.

"Ou você expande ou troca a cultura por uma que dê mais rentabilidade por hectare", diz o cooperado Karl Milla, do conselho administrativo da Agrária. "No Paraná não há para onde crescer."

A direção da cooperativa, com sede em Guarapuava (252 km de Curitiba), já fez prospecção de terras e projetos para quatro Estados, do Norte e Nordeste -o plano está em estudo. "Não dá para se lançar numa aventura", diz o presidente, Jorge Karl.

Por enquanto, a Agrária é a única cooperativa do Sul que fala em expansão para novas fronteiras agrícolas.

Nos anos 1990, a paranaense Batavo tentou, sem sucesso, implantar um projeto no Maranhão. Antes, nos anos 1970, outras cooperativas chegaram ao Centro-Oeste, ontem mantêm entrepostos sem planos de expansão.

Uma das ideias da Agrária é negociar grandes extensões de terra a preços acessíveis para subsidiar a ida de produtores ao Norte do país.

Alguns dos 550 cooperados já compraram terras na região por conta. Milla e a família, por exemplo, adquiriram há 11 anos 27 mil hectares no Piauí. Já tinham 4.200 hectares no Paraná, mas a rentabilidade estava em queda. "Com cevada, soja e trigo, áreas pequenas já não são suficientes para trazer retorno."

Outra ideia é investir em projetos já em andamento.

Em dezembro, diretores da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) apresentaram projeto de irrigação no semiárido com foco na produção de frutas, cana-de-açúcar e etanol. A direção da Agrária fala em "grandes possibilidades" de participar.

A operação no Paraná continuará em expansão. Em 2011, o faturamento da Agrária foi de R$ 1,3 bilhão, um crescimento de quase 20% em relação ao ano anterior.

MUSEU

Descendentes de alemães, os cooperados investem cerca de R$ 1 milhão por ano numa fundação cultural para preservar as tradições.

No início do mês, inauguraram um museu que expõe a trajetória de seus pioneiros, da primeira leva de imigrantes do Paraná. O local funciona de segunda a sexta, com entrada gratuita. O agendamento pode ser feito pelo telefone 0/xx/42 3625-8316.