Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

QI influencia na escolha dos investimentos

Pesquisa relaciona nível de inteligência a carteiras com melhor perfil de risco e retorno

ROBERT J. SHILLER
DO “NEW YORK TIMES”

Você não precisa ser um gênio para escolher bons investimentos. Mas será que ter QI elevado ajuda?A resposta, segundo um estudo publicado pelo "Journal of Finance" em dezembro, é ao menos parcialmente afirmativa.

O estudo não tenta evitar controvérsias. Mesmo considerados fatores como renda e educação, seus autores concluem que as pessoas com QI relativamente elevado em geral diversificam mais as suas carteiras de investimento e investem mais em bolsa.

Também tendem a preferir ações de baixa capitalização, que historicamente apresentam desempenho superior à média do mercado, bem como companhias com valor contábil relativamente alto em comparação com o valor de mercado de suas ações.

O resultado é que pessoas com QI mais elevado criam carteiras com melhores perfis de retorno e risco.

De certa forma, é difícil compreender por que o QI influenciaria nesse aspecto.

Diversificar uma carteira de investimentos, ou contratar quem o faça, não é uma tarefa difícil. E outra regra bem estabelecida -a de que as pessoas devem dedicar porção considerável de seus investimentos às ações- tem lá seus detratores.

No entanto, cerca de metade dos adultos dos EUA têm dinheiro investido nos mercados de ações.

Portanto, o verdadeiro problema talvez não esteja na falta de inteligência ou conhecimento. Talvez o que falte seja confiança ou capacidade de escolher em quem confiar. Saber em quem confiar é um aspecto da inteligência.

Pesquisas citadas em outro estudo, de 2008, sugerem que decisões de investimento dependem significativamente de uma parte do cérebro teoricamente associada à capacidade de inferir preferências e crenças alheias com base nas ações dos outros.

Essa inteligência social parece estar mais presente em algumas pessoas e permite a elas colocar mais facilmente em prática os conselhos comuns para investir.

O investimento bem sucedido requer que julguemos os outros. Requer que coloquemos em perspectiva a recente retórica contra Wall Street.

Os profissionais nos dizem que o mercado de ações é o melhor lugar para investir, mas essas garantias não nos reconfortam quando ele oscila. Muitos também garantiam que os preços das casas nunca mais cairiam.

Mas se formos capazes de fomentar uma maior confiança aos profissionais de investimento, mais pessoas -não importa seus QIs- poderiam adotar abordagens de investimento mais eficientes.

O Serviço de Proteção ao Consumidor Financeiro poderia ser um veículo importante, respondendo a queixas e criando regras que restaurem a confiabilidade. Mas existem limites à sua ação.

O governo e o mundo da educação e das finanças têm de pensar em formas de restaurar a confiança das pessoas nos mercados financeiros.

Não é preciso QI elevado para ver que interessa a todos promover decisões corretas quanto a questões financeiras básicas.

ROBERT J. SHILLER é professor de economia e finanças na Universidade Yale.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.