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Finanças pessoais

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

A rentabilidade do fundo de investimento é ruim ou o custo é alto?

Poupar não é uma tarefa fácil. Cada vez que fazemos isso, abrimos mão de um consumo imediato e decidimos juntar dinheiro para um objetivo maior que queremos atingir no futuro.

Além de muita disciplina e de um bom motivo para poupar, precisamos também de um bom incentivo para continuar poupando e não desistirmos do projeto no meio do caminho.

A remuneração sobre o capital investido precisa compensar o esforço e proporcionar a sensação de que vale a pena.

A alternativa de poupar por meio de fundos de investimento é utilizada por milhares de pessoas que buscam o conjunto de atributos que o produto oferece.

São centenas de fundos disponíveis no mercado que acolhem pequenos e grandes investidores. A liquidez é diária na maioria das vezes, permitindo que o investidor possa resgatar suas cotas e ter seu capital de volta na hora que quiser.

Os especialistas que acompanham o mercado diariamente tomam decisões que, sozinhos, dificilmente poderíamos tomar. Essa conveniência toda tem um preço -é preciso pagar pelo serviço prestado.

TAXA DE ADMINISTRAÇÃO

Na maioria das vezes, o consumidor pergunta o preço e paga pelo produto que deseja adquirir.

No caso dos fundos de investimento, o preço não é expresso em termos absolutos e esse fato talvez explique a dificuldade que muitas pessoas têm de saber quanto custa e entender como esse custo afeta a rentabilidade do investimento.

O custo de investir em fundos é a taxa de administração -uma porcentagem calculada sobre o valor investido- que remunera a prestação do serviço de administração e gestão do patrimônio, em regime de melhores esforços.

Simplificadamente: quem aplica R$ 10 mil em um fundo que cobra 3% ao ano de taxa de administração pagará uma taxa de R$ 300 ao ano.

Se a rentabilidade desse fundo for de 10% no ano, o capital do fundo, antes da cobrança da taxa de administração, será de R$ 11 mil.

Mas é preciso pagar o custo de 3% sobre o capital corrigido (R$ 330), e o capital líquido, após a cobrança da taxa de administração, será de R$ 10.670.

A rentabilidade, que antes parecia atraente, caiu para 6,70% por conta dos custos devidos ao administrador do fundo.

CUSTO RELEVANTE

Pagar uma taxa de administração de 3% quando a taxa de juros no Brasil era de 30% não era barato, mas era uma situação mais razoável -o custo representava 10% do valor agregado.

Nos dias atuais, com o patamar dos juros na casa de 10% ao ano, pagar a mesma taxa de 3% significa que o administrador do fundo fica com quase 30% do valor que ele agrega.

O preço que pagamos por qualquer produto ou serviço é sempre relevante e deve ser negociado com atenção.

É prática de mercado que a taxa de administração cai à medida que o capital investido aumenta.

Fundos que exigem valor mínimo de R$ 50 mil, por exemplo, cobram taxa menor do que os fundos que aceitam aplicações iniciais de R$ 5.000.

Confira se existe oportunidade de redução nos custos que você paga atualmente.

COMO É PAGA

A taxa de administração é deduzida do patrimônio do fundo, diariamente. Suponha que você seja o único cotista de um fundo com patrimônio de R$ 100 mil.

O valor da cota desse fundo é R$ 1,00 e você é dono, portanto, das 100 mil cotas desse fundo. A rentabilidade proporcionada pelo fundo no mês foi de 1% e a taxa de administração é de 2% ao ano.

Vamos calcular o patrimônio líquido ao final do primeiro mês, considerando somente essas variáveis (ver quadro abaixo).

A rentabilidade da carteira, antes da dedução da taxa de administração, foi de 1%, dentro da expectativa do cotista. A rentabilidade líquida, depois de deduzida a taxa de administração, foi de 0,83%.

Esse procedimento é feito diariamente e afeta, portanto, o valor da cota e a rentabilidade do seu fundo.

Antes de resgatar suas cotas porque está convencido de que a rentabilidade do produto é ruim, avalie se a taxa que você está pagando é compatível com o valor que o produto agrega.

OUTROS CUSTOS

Além da taxa de administração, outras despesas são deduzidas do patrimônio do fundo (corretagens, emolumentos, auditoria, correspondência com os cotistas etc.) com menor impacto sobre a rentabilidade.

E não esqueça que não abordamos aqui o impacto do Imposto de Renda. A rentabilidade citada nos exemplos é bruta e ainda sofrerá a incidência desse tributo.

Mas essa é uma outra história sobre a qual conversaremos na próxima semana.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva
do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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