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Campo de Frade pode ser explorado, dizem geólogos

É improvável que acidente com a Chevron tenha causado dano irreversível

Opinião de especialistas contraria possibilidade citada pela denúncia do Ministério Público contra petroleira

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

O risco de o primeiro acidente no campo de Frade ter causado danos irreversíveis a ponto de não ser mais possível explorar petróleo na área é praticamente nulo, afirmam especialistas.

A análise contraria posição manifestada na denúncia criminal feita anteontem pelo Ministério Público Federal.

"O acidente protagonizado pelos denunciados causou prejuízos geológicos à rocha-reservatório, o que provavelmente lhe diminui a potencialidade exploratória", afirma o procurador Eduardo Santos de Oliveira, para quem a empresa usou pressão excessiva para controlar o poço e causou dano geológico.

Segundo técnicos ouvidos pela Folha, é improvável que a fissura por onde vaza óleo, a três quilômetros do poço, tenha sido criada pela Chevron. O que pode ter ocorrido, para os analistas, é a Chevron não ter identificado a fissura em seus estudos antes de iniciar a exploração.

Hernani Aquini Chaves, geólogo da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), afirma que desconhece acidentes em poço de petróleo que provoquem danos a rochas-reservatórios ou à estrutura geológica da área.

PRESSÃO

O especialista disse ainda que a pressão citada no relatório, inicialmente de 9,4 libras, passando para 9,5 e atingindo 13,9 libras, está dentro das práticas do mercado.

Chaves crê que a exsudação (vazamento de pequenas bolhas de óleo por fenda no leito marinho) de março não tenha relação com o primeiro vazamento. "Há registros de exsudação natural no leito marinho. Verificar onde há essas ocorrências é, aliás, uma técnica para descobrir campos de petróleo."

Adalberto Silva, geólogo da Universidade Federal Fluminense, afirmou que é possível que a fenda já existisse e o primeiro acidente só tenha "reativado" a fissura. Segundo ele, o óleo não vazaria se não houvesse uma mudança de pressão no reservatório que dá acesso a ela.

Ainda assim, todos os consultados afirmaram que o campo não corre risco de ser inutilizado para sempre.

Mauro César Geraldis, vice-diretor da Faculdade de Geologia da Uerj, disse que os estudos sísmicos que a Chevron teve de fazer para identificar o campo já seriam suficientes para mostrar se a fissura já existia ou não.

Ontem, o assessor da diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Sílvio Jablonski, fez críticas à Crevron, mas afirmou que a agência não tem evidência de que seja irreparável o dano causado no campo de Frade.

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