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Dilma faz nova cobrança contra juro alto

Em evento com empresários, presidente defende que taxas e 'spreads' sigam 'padrões internacionais de custo de capital'

Dilma recomenda que setor produtivo fique 'atento' à guerra cambial, para não ser presa de 'canibalização'

MÁRCIO FALCÃO
PRISCILLA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA

Em um discurso de improviso para industriais, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que os juros e o chamado "spread" bancário, nos níveis atuais, representam entrave ao crescimento. Dilma cobrou que eles sigam padrões internacionais para permitir o aumento da produção.

A fala ocorreu a cinco dias da nova reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) para avaliar a taxa básica de juros. Desde agosto, os juros básicos vêm sendo reduzidos, e o Banco Central já indicou que fará pelo menos mais um corte neste ano. A Selic está em 9,75% ao ano.

"Nós temos de desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado", afirmou Dilma em evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

"Esses entraves podem ser assim resumidos, muito simplificadamente -eu vou falar no positivo, na necessidade de nós colocarmos nossos juros e 'spreads' incluídos nos padrões internacionais de custo de capital."

É a segunda cobrança pública de Dilma para os bancos cortarem os "spreads" (diferença entre o custo de captação de recursos de clientes e o que eles cobram nas operações de crédito). Para o governo, há espaço para fazer isso sem novas medidas oficiais.

Na semana passada, o Banco do Brasil e a Caixa reduziram as taxas de operações de crédito para tentar que a medida seja seguida pelo setor privado, que ainda negocia com a equipe econômica.

Dilma apontou ainda como amarras problemas como a alta carga tributária e a falta de inovação e capacitação.

Para ela, o país tem estruturas tributárias muito pesadas para serem carregadas no processo de crescimento sustentável.

"Temos de criar condições para que o país possa de fato ter uma desoneração tributária que não comprometa a situação macroeconômica."

CANIBALIZAÇÃO

Dilma recomendou que o setor produtivo fique "atento" aos mecanismos de combate à crise dos países ricos, especialmente aos efeitos da guerra cambial, para que os industriais brasileiros não sejam "presas fáceis de um processo de desconstrução, de canibalização".

A presidente cobrou que o setor também se preocupe com a inovação do parque industrial. Dilma lembrou que a Petrobras, por exemplo, enfrentou problemas por projetos idealizados no exterior, sem conhecimento pleno da realidade do país.

Antes de Dilma, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, havia afirmado que a produtividade brasileira precisa crescer a níveis mais próximos de 4,5%. "Não podemos crescer a 2%, precisamos subir a produtividade para competir e para sustentar um crescimento virtuoso."

O baixo crescimento da indústria é esperado pelo setor, que divulgou anteontem um boletim prevendo que o PIB industrial deve crescer 2% em 2012. Em dezembro, a projeção era de 2,8%.

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