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Governo pede que BNDES reduza custo dos empréstimos

Guido Mantega (Fazenda) pede que o banco reduza o 'spread' embutido nas operações de capital de giro

Intenção é reforçar a pressão para que os bancos privados sigam o caminho adotado por Banco do Brasil e Caixa

VALDO CRUZ
SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

O BNDES vai entrar na guerra do governo para reduzir o custo dos empréstimos e pressionar os bancos privados a seguir o mesmo caminho do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) pediu ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que o banco reduza o "spread" (diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e o que cobra dos clientes) embutido nas operações de capital de giro.

Principal financiador de investimentos ao setor privado, o banco estuda agora como garantir que uma redução dos custos de suas operações seja, de fato, repassada para o tomador final, as empresas.

É que boa parte dos empréstimos de capital de giro do BNDES não é feita diretamente pela instituição, mas repassada por meio de bancos comerciais -em geral, financiamentos abaixo de

R$ 10 milhões são repassados por agentes financeiros.

Mantega e Coutinho analisam como obrigar os bancos a transferir às empresas essa redução, o que tem impacto imediato na administração das despesas diárias.

O BNDES atua no financiamento direto de capital de giro em momentos excepcionais, quando o mercado privado está retraído e o governo decide socorrer o setor privado. Nessas linhas, o "spread" é de 11% a 12% ao ano.

Na semana passada, dentro do esforço do governo para socorrer a indústria nacional, o BNDES elevou o valor de uma linha de crédito de capital de giro de R$ 5 bilhões para R$ 15 bilhões.

Nas operações de crédito para investimento, maior parte dos negócios do banco, o tamanho médio do "spread" cobrado pelo BNDES é bem menor, de 1,1% ao ano.

Segundo a Folha apurou, Mantega pediu um esforço adicional do banco, que já reduziu os custos de seus empréstimos nos últimos anos, para fortalecer o discurso do governo contra as instituições privadas.

O governo considera que as operações para capital de giro são estratégicas. Isso porque as empresas são mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros e trocam mais facilmente de banco em razão do benefício oferecido.

OFENSIVA

Nas últimas semanas, a presidente Dilma e o ministro da Fazenda desencadearam uma ofensiva para forçar os bancos privados a cortar o tamanho de seus "spreads". Na próxima semana, o BC discutirá o novo valor da taxa básica, hoje de 9,75% ao ano.

O governo endureceu o tom do discurso depois que, em reunião nesta semana com a equipe econômica, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) apresentou uma lista de mais de 20 propostas e jogou a responsabilidade pela redução dos "spreads" nas costas do governo.

O tom usado pelo presidente da entidade, Murilo Portugal, irritou o Palácio do Planalto e a Fazenda.

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