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Sobra vaga em curso para formar mão de obra para o petróleo

Falta de pessoal é mais acentuada para funções menos qualificadas, mostram programas voltados para o setor

Procura é maior entre profissionais com nível médio; especialista sugere abertura para 'importar' trabalhador

PEDRO SOARES
DO RIO

Um retrato claro da falta de mão de obra no setor de petróleo -principalmente daquela menos qualificada- surge dos números do programa de formação da Petrobras e do governo federal: existem muito mais vagas oferecidas em alguns cursos do que candidatos interessados em ocupá-las.

Os cursos de montador e montador de andaime ofertados em instituições de ensino do Estado de São Paulo, por exemplo, atraíram, respectivamente, em média, somente 0,4 e 0,1 candidato por vaga nas edições do Prominp, programa de preparação de profissionais para o setor, lançado em 2003.

Segundo gestores do programa, muitas turmas não são nem montadas porque faltam alunos. São necessários, pelo menos, 20 estudantes em cada curso.

O problema maior é a falta de informação da faixa da população de menor escolaridade sobre o programa, que dispõe de vagas para formar força de trabalho nas áreas de petróleo e em toda a cadeia de fornecedores (de estaleiros a empreiteiras e outros prestadores de serviço).

Outro entrave identificado foi a baixa formação escolar dos interessados, muitas vezes reprovados nos testes por não conseguirem a nota mínima de corte -que já foi reduzida nos primeiros anos do Prominp justamente para preencher as vagas ofertadas.

Esses problemas, porém, persistem com mais força nos cursos que exigem até oito anos de estudo, ou seja, o ensino básico. Mas há casos de sucesso: "Soube por acaso do curso. Fiz o de montador. Foi fácil arrumar emprego e, em menos de um ano, obtive uma promoção", diz Claiton das Neves Cardoso, que trabalha numa empresa do polo naval de Rio Grande (RS).

REALIDADES DISTINTAS

Para profissionais com nível médio, a procura pelos cursos é maior, como o caso de eletricista, para o qual a relação candidato/vaga em São Paulo é de 7,1. "No ensino médio, os cursos estão 'bombando'", diz Maria Cristina Martins, coordenadora dos cursos do programa no Cefet-RJ.

A educadora afirma que alguns jovens voltaram "um degrau" em sua formação e procuram cursos que exigem formação técnica ou ensino médio mesmo já formados em faculdades.

De acordo com Elizabeth Ramos, sócia da Ernst & Young, os dados do Prominp só trazem à tona uma realidade já conhecida: falta mão de obra para trabalhar no setor de petróleo.

A atividade, diz, vive um boom no país, o que obriga as empresas a pagar melhores salários -o que eleva o custo dos projetos.

Além disso, diz, o setor concorre por trabalhadores com outros ramos também com pesados investimentos, como mineração e construção civil.

Nesse contexto, afirma, o Brasil deveria se abrir mais à "importação" de profissionais qualificados de outros países, facilitando o acesso e a permanência deles no país.

Em São Paulo, o Prominp ofereceu 1.021 vagas. No Rio, 4.602. Para os desempregados, o programa oferece bolsas durante o curso.

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