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Loja mineira mira 'órfãos' da antiga Daslu

Com investimentos de R$ 5 mi, família Mares Guia chega a SP em maio de olho no mercado de luxo de importados

Empresária quer ocupar espaço aberto após reorganização da multimarcas criada por Eliana Tranchesi

ELIANE TRINDADE
COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Dona de um negócio que ficou conhecido como "a Daslu mineira", a empresária Érika Mares Guia, 39, vai abrir em São Paulo uma "flagship", ou loja-conceito, nos moldes da multimarcas criada por Eliana Tranchesi.

Com inauguração prevista para a primeira quinzena de maio, a nova loja da estilista mineira na capital paulista abre as portas na rua da Consolação, quase esquina com a Oscar Freire, no quadrilátero da alta moda nos Jardins.

"Enxerguei uma lacuna no mercado de luxo em São Paulo, que mudou muito nos últimos dois anos, e resolvi trazer o modelo do meu negócio em Minas para cá", diz Érika.

Há duas décadas, ela fundou a M&Guia, em Belo Horizonte, em sociedade com a mãe, Sheila, 63. As mudanças a que Érika se refere são a saída de cena de Eliana do mercado de importados e o fato de a Daslu, sob nova administração, ter se concentrado na sua marca própria.

Abriu-se caminho para um projeto mais ambicioso dos Mares Guia em terras paulistanas. Érika passou a contar com o pai, Walfrido, 69, ministro do Turismo no governo Lula, como sócio. Ele passou a ter 20% do negócio do ramo de luxo da família.

"Elas cuidam da moda com competência. É um negócio muito bem organizado. Ajudo na definição de estratégias e com a minha expertise no plano empresarial", diz.

Walfrido é um dos controladores do grupo Kroton Educacional, cujo valor em Bolsa é de R$ 3,1 bilhões.

A nova multimarcas paulistana é um negócio de R$ 5 milhões -são R$ 3,3 milhões investidos no estoque e R$ 1,7 milhão em planejamento e infraestrutura. A loja vai funcionar em uma área de 400 m². Foi projetada pelo arquiteto Magnus Paulus. Tem a forma de barco para se casar com o novo nome: Mares.

"Não queria nada pretensioso", diz a empresária. "A loja não é grandiosa, mas tem espaço suficiente para acomodar 20 marcas internacionais e cinco nacionais."

A Mares vai concorrer com a NK Store, situada na região, oferecendo marcas de prestígio, como Valentino e Dolce & Gabbana, e outros nomes menos conhecidos, como Naeem Khan, americano de origem indiana. "Faço curadoria de marcas de várias partes do mundo", diz Érika.

A exemplo das duas lojas próprias e do outlet em Belo Horizonte, a Mares vai vender também toda a linha própria de produtos. O forte da loja são roupas de festa, que custam de R$ 700 a R$ 7.000.

TROCA DE NOME

O investimento no nicho de multimarcas levou Érika a mudanças radicais. Trocou o endereço paulistano da loja, o conceito e o nome da grife -chamava a atenção de Érika a dificuldade de estrangeiros pronunciarem M&Guia.

A estilista conta que foi o publicitário Nizan Guanaes quem sugeriu rebatizar o negócio com outro sobrenome. "Ele brincou que eu usava a parte ruim do meu nome. Por que não Mares?"

A consultoria Asia, do grupo ABC de Nizan, foi contratada para fazer o novo "branding" (gestão da marca).

Em julho de 2011, ainda como M&Guia, a grife começou a ser vendida na Intermix, cadeia de multimarcas dos EUA.

Os hits de venda no exterior são vestidos, na faixa de R$ 3.000, confeccionados em renda e recortados à mão.

Além de quatro lojas próprias, a marca é comercializada em 69 pontos de venda -41 no país. A empresa tem 85 funcionários e terceiriza a produção de cerca de 20 mil peças anuais entre fornecedores do Brasil e da China.

Aqui, a marca produz roupas de couro e sapatos no Sul. Bordados e malharia, em Minas. Rendados, no Nordeste. Como todo empresário que investe na cadeia produtiva (R$ 15 milhões em dez anos), Érika reclama da carga tributária. "É caro produzir e importar. Para o país crescer, tem de equacionar isso."

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