Operários de Belo Monte mantêm greve

Operários da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), descumpriram determinação da Justiça do Trabalho e mantiveram a greve, que chegou ao décimo dia.

O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) estuda novas medidas judiciais contra o Sintrapav (sindicato dos trabalhadores).

No dia 26 passado, a Justiça determinou, em acordo entre consórcio e sindicato, que os funcionários deveriam voltar ontem ao trabalho.

Como a paralisação foi mantida, o sindicato, que tem CNPJ, fica sujeito a multa diária de R$ 200 mil, a contar do dia 25, data em que a Justiça declarou a greve ilegal.

Considerando cinco dias úteis de trabalho perdidos desde a decisão, a multa já chega a R$ 1 milhão.

Hoje, uma comitiva de três deputados federais chega a Altamira (900 km de Belém) para tentar intermediar o fim da paralisação.

O governo federal não interferiu na negociação, por considerá-la questão interna.

Os operários pedem aumento no vale-alimentação, de R$ 95 para R$ 300, e redução no intervalo entre folgas para visitas às famílias, de seis meses para três meses.

O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região considerou a greve ilegal sob o argumento de que essas duas reivindicações já haviam sido discutidas no atual acordo coletivo da categoria, válido desde novembro de 2011.

O Sintrapav montou acampamento na entrada da estrada vicinal que leva aos canteiros de obras. Ônibus enviados pela empresa para buscar os trabalhadores foram impedidos de passar.

Dois operários confirmaram o bloqueio ontem à Folha, apesar de o sindicato ter dito que o consórcio não havia enviado os ônibus.

O sindicato quer manter a greve até obter nova proposta e tenta derrubar a declaração de ilegalidade da greve.

Hoje as atividades na obra devem continuar paradas, porque é dia de pagamento -o expediente normalmente é suspenso nesses dias.

Belo Monte é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e será a terceira maior hidrelétrica do mundo quando concluída -a previsão é 2019. Emprega cerca de 7.000 trabalhadores.