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Compra financiada de carro agora exige 20% como entrada

Resultado de inadimplência recorde no setor, restrição a crédito afeta mais o comprador de veículo popular

Sinal maior garante cobertura para a depreciação do carro no primeiro ano em caso de inadimplência

GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO

Embora ainda faça parte de tabelas de bancos, o financiamento de veículos em 60 meses (cinco anos) e as propostas sem entrada sumiram do mercado.

Em meio ao cenário recorde de inadimplência no setor, um piso informal tem sido adotado como sinal para a compra: 20% do valor.

"Se passar proposta [de 60 meses ou sem entrada], só é aprovada se for milionário", brinca o presidente da associação das concessionárias Ford, Sergio Zardo.

Segundo ele, o pedido antecipado do mínimo de 20% "evita o constrangimento do cliente" diante de uma possível reprovação da proposta.

Hoje, com o maior rigor nas análises, de três a cinco consultas apenas são aprovadas.

No balanço do quarto trimestre, quando teve prejuízo de R$ 605 milhões, o Banco Votorantim, um dos maiores em carros usados, informou a adoção do mínimo de 20%.

A mudança significa maior prudência em meio ao temor de bolha. O percentual garante cobertura para a depreciação do carro no primeiro ano em caso de inadimplência.

"Sem as medidas do BC (de restrição ao crédito) no fim de 2010, provavelmente a inadimplência estaria bem mais elevada. Isso expõe uma potencial bolha que agora já está com o risco mais reduzido", diz Wermeson França, economista da LCA.

Mais do que ter acesso a juros reduzidos, portanto, o desafio para a classe média emergente é conseguir crédito, já que clientes em busca do carro de "entrada" -modelo 1.0 e primeira aquisição- são os mais afetados nessas condições.

Na outra ponta, clientes com capacidade de dar entradas maiores, de 40% a 60%, se beneficiam de taxas subsidiadas de até 0,99%. O incentivo, que ganhou força nos últimos meses, tem função dupla: reduzir estoques e melhorar as carteiras.

Os movimentos elevaram a média das entradas nas compras. Foram de 15% para 30% nas lojas Ford e de 37,3% para 41,2% no Votorantim.

"Os juros vão continuar baixos. Não preciso sair correndo para comprar agora", diz a planejadora financeira Myrian Lurd, que sugere os 20% e o prazo de três anos como boa condição.

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