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Mão de obra e insumos elevam os custos

Construtoras enfrentam falta de profissionais e siderúrgicas administram preço alto da principal matéria-prima

Virada do câmbio no segundo trimestre pode prejudicar balanço de devedoras em dólar e de importadores

DE SÃO PAULO

Em época de pleno emprego, as empresas brasileiras têm um desafio em comum: administrar o aumento das despesas com pessoal.

"Os custos de mão de obra são os que mais crescem, o que mostra que a capacitação [dos profissionais] está deficiente em relação ao avanço do mercado", diz Gilberto Braga, do Ibmec-RJ.

Intensiva em mão de obra, a construção civil teve o segundo pior desempenho entre os setores avaliados no estudo do Insper sobre os resultados do primeiro trimestre.

O índice que mede a inflação do setor, o INCC, mostra uma alta de 12% no item mão de obra nos últimos 12 meses.

"O mercado de trabalho aquecido e a escassez de mão de obra qualificada pressionam os custos", diz Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da Fundação Getulio Vargas.

O custo de aquisição dos terrenos, segundo ela, é outro fator de pressão.

MATÉRIA-PRIMA

Para as indústrias, a valorização de commodities, como soja e minério de ferro, também pressionou os custos. É o caso das siderúrgicas, que tiveram o pior resultado no primeiro trimestre.

"Por mais que o preço do minério de ferro tenha caído do recorde, o patamar ainda está alto se comparado ao valor de venda do aço", afirma Daniella Maia, analista chefe da Ativa Corretora.

O excesso de oferta global de aço impediu que os preços fossem reajustados e, ao lado do incentivo do câmbio, provocou a invasão de importados. Não só de placas e laminados, mas de itens com alto percentual de aço, como bens de capital e autopeças.

"Em 2011, foram importados 5 milhões de toneladas de aço indiretamente, o tamanho da CSN", diz a analista.

NOVO CÂMBIO

A alta do dólar neste segundo trimestre deve frear as importações e beneficiar as exportadoras, que receberão mais, em reais, por produtos vendidos em dólares.

Mas também pode provocar nova onda de alta de custos. Segundo Cristina de Mello, da Escola de Administração da ESPM, diante do real valorizado dos últimos meses, muitas empresas trocaram a sua base de fornecedores no Brasil por estrangeiros.

"Com a virada do câmbio, isso preocupa, pois aumentará o custo dessas empresas com fornecedores de fora."

O novo dólar ainda eleva, em reais, os preços das commodities, formados em dólar no mercado externo.

Do ponto de vista contábil, o câmbio também ameaça, pois impacta o balanço das empresas com dívida em moeda estrangeira, que será convertida ao fim do trimestre.

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